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Autoridade do Banco do Japão pede movimento lento e cauteloso no aumento dos juros

03/10/2024 08h35

Por Leika Kihara

NAGASAKI, JAPÃO (Reuters) - O banco central do Japão tem espaço para aumentar ainda mais a taxa de juros, mas deve agir com cautela e lentamente para evitar prejudicar a economia, disse uma autoridade do Banco do Japão nesta quinta-feira, reforçando as opiniões do mercado de que não haverá pressa em elevar os custos dos empréstimos.

Os comentários do membro da diretoria do Banco do Japão Asahi Noguchi foram feitos um dia depois que o novo primeiro-ministro do país, Shigeru Ishiba, disse que a economia não está pronta para novos aumentos nos juros, em comentários surpreendentemente diretos que empurraram o iene para baixo.

Noguchi disse que a recente alta do iene em relação às quedas acentuadas e "unilaterais" observadas em julho moderou a pressão inflacionária dos custos de importação, dando ao banco central tempo para examinar os riscos econômicos e determinar quando será o próximo aumento.

"Se a evolução econômica e dos preços estiver de acordo com nossas previsões, ajustaremos o grau de suporte monetário, embora em ritmo lento", disse Noguchi em uma coletiva de imprensa, acrescentando que o banco deve tomar a decisão "com extrema cautela"

"Como é difícil chegar a uma estimativa concreta sobre a taxa neutra do Japão, precisamos fazer uma pausa depois de aumentar uma vez para examinar o impacto antes de elevar os juros novamente", disse ele, acrescentando que o momento e o ritmo das mudanças dependerão dos dados.

Noguchi se recusou a comentar as falas de Ishiba, mas disse que o Banco do Japão precisa levar em conta que várias opiniões políticas refletem o sentimento do público, mesmo quando ao definir a política monetária de forma independente.

O dólar atingiu uma máxima de mais de seis semanas em relação ao iene nesta quinta-feira, devido, em parte, à diminuição das expectativas de um aumento dos juros no curto prazo pelo Banco do Japão. A moeda atingiu brevemente 147,25 ienes, o valor mais alto desde 20 de agosto, antes de devolver parte dos ganhos.

Ainda nesta quinta-feira, o presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda; o recém-nomeado ministro das Finanças, Katsunobu Kato; e o ministro da Economia, Ryosei Akazawa, reuniram-se em Tóquio e reafirmaram que irão coordenar estreitamente os esforços para sair da deflação.

"Reafirmamos que nos certificaremos de sair da deflação e alcançarem o crescimento de forma sustentável com o governo e o Banco do Japão trabalhando em estreita colaboração de acordo com um comunicado conjunto", disse Kato a repórteres, referindo-se a um comunicado de 2013 que compromete o banco central a atingir sua meta de inflação de 2%.

A maioria dos economistas entrevistados pela Reuters de 4 a 12 de setembro espera que o banco central aumente os juros novamente até o final do ano.

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