MP da Venezuela vai processar prefeito opositor detido
O partido do prefeito opositor de Maracaibo (segunda maior cidade da Venezuela) criticou nesta quarta-feira a sua prisão, afirmando que ela é injustificada, enquanto o Ministério Público (MP) anunciou que ele será processado por suspeita de corrupção.
Rafael Ramírez, 49, eleito em 2021, foi detido ontem pelos serviços de inteligência. "Rejeitamos a prisão do prefeito de Maracaibo quando desempenhava trabalhos inerentes ao cargo", expressou o partido Primeiro Justiça. "Não há justificativa alguma."
O MP informou hoje que nomeou um promotor especializado em corrupção para processar "várias denúncias contra funcionários da Prefeitura de Maracaibo por crimes previstos na Lei contra a Corrupção".
"O Ministério Público colheu elementos suficientes e provas que incriminam os referidos investigados", que serão apresentados nas próximas horas em tribunais "para serem acusados", informou o órgão.
Ramírez foi levado à sede local do serviço de inteligência (Sebin), segundo o partido. O prefeito foi detido com seu chefe de segurança e outra funcionária do seu gabinete, informou uma fonte à AFP.
A Prefeitura de Maracaibo informou que o prefeito "e outros funcionários foram detidos sem justificativa alguma ou qualquer explicação. Pedimos a libertação imediata de Rafael Ramírez Colina e respeito às instituições e aos espaços dos poderes públicos."
Maracaibo é a capital do estado petroleiro de Zulia, que tem o maior eleitorado do país e é um reduto tradicional da oposição. Seu governador é o também opositor Manuel Rosales.
A opositora Plataforma Unitária, que reúne dez partidos, classificou a prisão de Ramírez como "arbitrária e ilegal". "Não há motivo algum para que ele esteja privado de liberdade, motivo pelo qual exigimos a sua libertação imediata."
A prisão do prefeito ocorreu em meio a uma crise política desencadeada pela reeleição do presidente Nicolás Maduro, classificada como uma fraude pela oposição, que reivindica a vitória de seu candidato, Edmundo González Urrutia, exilado na Espanha após o MP abrir uma investigação contra ele.
Forças opositoras denunciam que 154 de seus líderes foram presos desde o início do ano, incluindo membros da equipe de campanha de González e colaboradores próximos à líder opositora María Corina Machado.
Mais de 2.400 pessoas foram detidas no contexto das manifestações que eclodiram após a proclamação da reeleição de Maduro, que deixaram 27 mortos e cerca de 200 feridos, segundo dados oficiais.
jt/erc/dga/yr/aa-lb
© Agence France-Presse