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Conta de luz e alta do petróleo são más notícias para a inflação

Aneel acionou bandeira vermelha patamar dois para o mês de outubro - Nando Vidal/Getty Images/iStockphoto
Aneel acionou bandeira vermelha patamar dois para o mês de outubro Imagem: Nando Vidal/Getty Images/iStockphoto
do UOL

Do UOL, em São Paulo

02/10/2024 09h07

O mês de outubro chegou com duas más notícias ao bolso dos brasileiros. A conta de luz vai ficar mais cara neste mês por causa do acionamento da bandeira vermelha patamar dois e também pela alta no preço do petróleo nos mercados internacionais. Com este cenário, a expectativa é de que a inflação aumente.

O que está acontecendo

Os preços internacionais do petróleo dispararam mais de 4,5% por volta das 14h, com ataque do Irã a Israel. Há um risco de interrupção no fornecimento do combustível. "O conflito atual aumenta o risco de ataques a infraestruturas petrolíferas, bloqueios de rotas de transporte ou sanções que podem restringir o fluxo de petróleo para o mercado global", diz Sergio Brotto, diretor executivo da Dascam Corretora de câmbio.

Conta de luz vai ficar mais cara por seca no país. A Aneel afirma que o que levou ao acionamento da bandeira foram o risco hidrológico com a previsão de poucas chuvas nos reservatórios das hidrelétricas e a elevação do preço da energia elétrica ao longo do mês de outubro.

Serão cobrados R$ 7,877 a mais para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Na bandeira vermelha um, em vigor em setembro, eram cobrados R$ 4,46 a cada 100 kWh.

Impacto na inflação

Inflação pode ser comprometida pelo aumento na conta de luz e com a alta do petróleo. Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, afirma que a conta de luz mais cara deve gerar um impacto de 0,2 ponto na inflação de outubro.

Conta de luz mais cara pode causar "efeito cascata". Norberto Sangalli, broker da mesa de renda variável da Nippur Finance, afirma que quando a energia fica mais cara, os custos de produção das empresas aumentam, e elas repassam esse valor adicional ao consumidor final.

Impacto da bandeira vermelha já está sendo considerado pelo Banco Central. Veronese afirma que o BC incluiu o custo mais alto da energia nas projeções de curto prazo da inflação. No entanto, um conflito no Oriente Médio não estava no horizonte do BC, o que pode fazer com que haja uma mudança no curso da política, mas ainda é cedo para afirmar.

Ainda não é possível calcular o impacto da alta do preço do petróleo na inflação. Veronese afirma que não se sabe qual a escala que o conflito no Oriente Médio alcançará, e que a situação pode piorar se houver o envolvimento de países como os Estados Unidos.

Não há dúvidas de que se o conflito virar uma guerra entre potências o impacto vai ser muito inflacionário, porque estamos falando do Oriente Médio, principalmente sobre [produção de] energia.
Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos

Alta do petróleo tem impactos diretos e indiretos na inflação. O primeiro deles diz respeito ao aumento do preço dos combustíveis, como gasolina e diesel, e do gás de cozinha, item com peso importante na composição do IPCA, segundo Sangalli.

Indiretamente há um aumento dos custos da produção. Sangalli diz que como muitos itens são transportados por meios terrestres, o aumento dos combustíveis é repassado ao consumidor final, como é o caso de alimentos.

Mesmo que alta se mantenha por mais dias, não dá para saber se impacto aparecerá na inflação de outubro. André Braz, coordenador dos índices de preços do FGV Ibre, afirma que demora algum tempo para que os preços se estabilizem. Caso o conflito dure poucas semanas, as petroleiras conseguem controlar mais os preços, já que possuem caixa para evitar aumentos e reduções de preços sempre que ocorre uma movimentação no valor do petróleo nos mercados internacionais.

Primeiro temos que saber para qual preço vai o barril de petróleo. Ainda não dá para afirmar que vai ter um aumento nos combustíveis aqui. Mas, se eles ocorrerem, assim como acontece com a conta de luz, terão efeito em todos os setores, que gastam com frete e luz e não podem abrir mão desses custos, essenciais em quase todos os negócios.
André Braz, coordenador de preços da FGV

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