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Facções libanesas tentam preencher presidência em meio a ataques de Israel

02/10/2024 20h13

Por Laila Bassam e Tom Perry

BEIRUTE (Reuters) - A ofensiva israelense contra o Hezbollah no Líbano renovou a tentativa de alguns importantes políticos libaneses de preencher o vácuo presidencial de dois anos, um esforço para reviver o Estado paralisado que lida com um crescente conflito.

O Líbano não tem presidente ou um gabinete totalmente habilitado desde outubro de 2022 devido a uma luta pelo poder na qual o Hezbollah desempenhou um papel importante. Junto com aliados, o grupo muçulmano xiita fortemente armado insistiu que o cargo, reservado para um cristão maronita, seja ocupado por seu aliado cristão Suleiman Frangieh.

Com o Hezbollah enfraquecido pela morte de seu líder Sayyed Hassan Nasrallah, a presidência voltou ao foco nesta semana, quando o presidente xiita do Parlamento, Nabih Berri, um importante aliado do Hezbollah, indicou flexibilidade em relação ao tema, dizendo ao primeiro-ministro Najib Mikati que apoiava a eleição de um presidente que não represente "um desafio" para ninguém.

Uma autoridade do Hezbollah disse à Reuters que o grupo delegou Berri para negociar em seu nome sobre a presidência.

A presidência é decidida por votação no Parlamento de 128 cadeiras do Líbano. Nenhuma aliança política possui cadeiras suficientes para impor a sua escolha, o que significa que um entendimento entre blocos rivais é necessário para garantir a eleição de um candidato.

Após uma reunião nesta quarta-feira com Berri e o líder druso Walid Jumblatt, Mikati -- um muçulmano sunita -- leu uma declaração conjunta pedindo a eleição de um "presidente de consenso que tranquilize a todos e dissipe as preocupações". 

Nenhum candidato foi nomeado.

Israel executa uma grande ofensiva contra o Hezbollah que deixou mais de mil mortos no Líbano desde 16 de setembro e forçou o deslocamento de 1 milhão de pessoas. 

Wael Abu Faour, um importante parlamentar da facção de Jumblatt, disse à Reuters que a eleição de um presidente de consenso enviaria "uma mensagem ao mundo exterior de que há um governo forte no país pronto para negociar" um cessar-fogo.

Segundo ele, a reunião dos três líderes não representou a formação de uma nova aliança e facções, incluindo partidos cristãos, estavam envolvidas em discussões sobre a presidência.

O partido Força Libanesa, uma importante facção cristã e feroz oponente do Hezbollah, pediu na segunda-feira a eleição de um presidente, dizendo que esta era a única maneira para "o Estado assumir suas responsabilidades por conta própria", uma crítica implícita ao Hezbollah por sua posse de um enorme arsenal de armas.

O último presidente do Líbano, Michel Aoun, era um ex-comandante do Exército e aliado político do Hezbollah.

Um diplomata ocidental sênior que não quis ser identificado disse que nações ocidentais e árabes têm instado políticos do Líbano a eleger um presidente, acrescentando que também é do interesse do Hezbollah que o impasse político seja resolvido para que o Estado possa assumir mais do "peso" da crise com Israel.

Abu Faour disse que os três líderes também discutiram como lidar com a tensão interna no Líbano como resultado do deslocamento de centenas de milhares de pessoas de áreas controladas pelo Hezbollah para outras partes do país.

(Reportagem de Laila Bassam, Timour Azhari e Tom Perry)

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