Topo
Notícias

Dupla brasileira é finalista na França do prestigioso prêmio Marcel Duchamp de arte contemporânea

02/10/2024 13h53

A dupla brasileira Angela Detanico e Rafael Lain está entre os quatro finalistas da 24ª edição do prestigioso prêmio Marcel Duchamp de arte contemporânea. Essa é a primeira vez que brasileiros são selecionados para a mais importante recompensa de artes plásticas e visuais da França.

Os artistas brasileiros, radicados em Paris há mais de 20 anos, concorrem com os artistas franceses Gaëlle Choisne, Noémie Goudal e Abdelkader Benchamma.

O prêmio Marcel Duchamp foi criado em 2000, numa parceria da Association pour la diffusion internationale de l'art français (Associação para a Difusão Internacional da Arte Francesa) e o Centro Pompidou. Ele visa promover as artes plásticas e visuais francesas e dar maior visibilidade internacional aos artistas escolhidos por sua inovação, incentivando novas formas de criação.

Os finalistas, franceses ou radicados na França, realizaram especialmente para esta edição do prêmio Marcel Duchamp obras que estão expostas no Centro Pompidou de Paris a partir desta quarta-feira (2). São vídeos, desenhos, esculturas e instalações monumentais. Cada finalista ocupa uma sala de uma das galerias do Beaubourg.

"O Florescimento da Luz"

Para a ocasião, o coletivo Detanico & Lain montou a instalação "Flowering of Light", ou "O Florescimento da Luz". Três partes compõem o universo poético criado pela dupla para essa exposição, que levou quase um ano para ficar pronta.

A primeira delas coloca em relação "dois tempos muito distintos, que são o começo do universo, campos de galáxias muito antigas de 13 bilhões de anos atrás, em relação com campos de flor, que são fotos que nós fizemos na primavera passada", descreve Rafael Lain. Segundo Angela Detanico, eles trabalham "naquilo que constitui a imagem, que é a luz".

A segunda peça "é uma constelação de estrelas, constelação do Rio Eridanus, com os nomes das estrelas codificados no sistema de círculos concêntricos de metal espelhado". E na última, "os nomes dos mares da lua projetados em um disco de pedras brancas, como num Jardim zen", completa Rafael.  "Esse imaginário celestial é uma tentativa de compreensão do mundo que muitas vezes é maior do que nós", sintetiza Angela.

Radicados em Paris

Angela Detanico é formada em linguística e Rafael Lain é tipógrafo. A linguagem com suas várias representações está no centro da obra artística da dupla que se inscreve na tradição da poesia e da arte concreta brasileira.

A obra do coletivo Detanico & Lain tem espaço na cena contemporânea internacional. Em 2004, eles receberam o prêmio Nam June Paik, um dos mais prestigiosos de mídia-arte do mundo. Em 2007, representaram o Brasil na Bienal de Veneza, e muitas instalações da dupla estão expostas em diversos países.

A nomeação para o Marcel Duchamp foi uma surpresa e "uma alegria". Independentemente da premiação, Rafael Lain diz que "o mais importante realmente é fazer a exposição, mostrar o trabalho, a pesquisa".

Gaúchos de Caxias do Sul, o casal veio a Paris em 2002 para uma residência artística no Palais de Tokyo e decidiu se estabelecer na cidade, lançando uma ponte entre o Brasil e a França. "Trabalhar cada vez mais, ter projetos na França e no Brasil também. É sempre muito importante para a gente manter esses dois pés, um em cada lado do Oceano Atlântico", afirma Angela Detanico.

O prêmio Marcel Duchamp distribui € 90 mil (cerca de R$ 540 mil), sendo € 35 mil para o vitorioso, escolhido por um júri internacional formado por artistas, colecionadores e diretores de grandes instituições culturais. O vencedor da 24ª edição será conhecido no dia 14 de outubro, mas os trabalhos dos quatro finalistas podem ser vistos no Centro Pompidou de Paris até 6 de janeiro de 2025.

Notícias