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Dólar à vista cai após Moody's elevar nota do Brasil

02/10/2024 17h08

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista fechou a quarta-feira em baixa ante o real, com o mercado reagindo positivamente à elevação da nota de crédito do Brasil pela agência Moody’s, na véspera, enquanto no exterior o dia foi de alta para a moeda norte-americana ante as demais divisas.

O dólar à vista fechou em baixa de 0,34%, cotado a 5,4455 reais. No ano, porém, a divisa norte-americana acumula elevação de 12,24% ante o real.

Na B3, às 17h19 o dólar para novembro -- atualmente o mais líquido no mercado brasileiro -- estava mais alinhado ao exterior, com alta de 0,32%, aos 5,4625. Neste caso, boa parte do impacto da decisão da Moody’s se deu ainda na terça-feira, já que o segmento futuro estava aberto no momento do anúncio.

No fim da tarde de terça-feira a Moody's elevou a nota do Brasil de Ba2 para Ba1 e manteve a perspectiva positiva. A mudança da nota deixou o Brasil a um degrau do chamado "grau de investimento", classificação dada a países com baixo risco de calote.

Em nota, a Moody´s destacou que o país tem tido um crescimento mais robusto do que o previsto anteriormente e um histórico crescente de reformas que têm dado resiliência ao seu perfil de crédito, ainda que a credibilidade do arcabouço fiscal seja "moderada".

Após o anúncio do fim da tarde de terça, o dólar para novembro negociado na B3 despencou. Mas como a moeda à vista já havia fechado, o impacto da notícia no segmento spot ficou para esta quarta-feira.

Assim, o dólar à vista atingiu a cotação mínima de 5,4054 reais (-1,07%) já no início da sessão, às 9h04.

Como vem ocorrendo em sessões recentes, o nível de 5,40 reais atuou como resistência técnica e as cotações passaram a se recuperar durante a manhã.

O avanço do dólar ante boa parte das demais divisas no exterior favorecia essa recuperação no Brasil. Lá fora, parte do suporte ao dólar foi dado pelos números de emprego da ADP, mostrando que a criação de vagas de trabalho no setor privado dos EUA chegou a 143.000 em setembro. O resultado ficou acima da estimativa de 120.000 dos economistas consultados pela Reuters.

Além disso, a cautela em torno do acirramento do conflito no Oriente Médio seguiu permeando os mercados. Enquanto o Irã afirmou que já havia encerrado a ofensiva da véspera contra o território israelense, EUA e Israel prometeram retaliar o ataque.

Neste cenário, o dólar à vista marcou a máxima de 5,4525 reais (+0,34%) às 14h21, antes de retornar ao território negativo.

De modo geral, profissionais do mercado afirmaram que a elevação da nota de crédito do Brasil era uma boa notícia -- inclusive para o câmbio, em meio à expectativa de que o país possa se tornar mais atrativo ao fluxo de investimentos internacionais.

O diretor de investimentos da Nomos, Beto Saadia, destacou que a ação da Moody’s coloca o Brasil a um passo de recuperar o grau de investimento, mas lembrou que outras duas agências -- a Fitch e a S&P -- ainda mantêm ratings piores para o país.

“Então, para a gente ver grandes fluxos, é interessante que todas essas três casas, ou pelo menos duas delas, nos coloquem no grau de investimento”, ponderou em comentário após a decisão.

Durante a tarde desta quarta, o Banco Central informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de 4,565 bilhões de dólares em setembro até o dia 27, com saídas de 4,034 bilhões de dólares pelo canal financeiro e retiradas de 530 milhões de dólares pela via comercial.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.

No exterior, às 17h20, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,33%, a 101,590.

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