Pseudofrutos: o que são falsas frutas e quais legumes são frutas?
Nem tudo é o que parece ser. Na natureza, um exemplo clássico é a categorização de frutas e legumes. Embora possamos pensar que sabemos a diferença entre eles, a realidade pode ser bem diferente, e aprender isso pode ter várias implicações importantes, principalmente para a saúde e a alimentação.
"Para nós, consumidores, seria um conhecimento a mais", afirma Thais Barca, nutricionista esportiva e funcional da clínica CliNutri e pós-graduada pela USP.
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Nutrição adequada: frutas são geralmente ricas em vitaminas, fibras e antioxidantes, enquanto legumes podem ser boas fontes de minerais e proteínas vegetais. Esse conhecimento ajuda a garantir uma dieta balanceada.
Segurança alimentar: para pessoas com restrições alimentares ou alergias, saber a classificação correta dos alimentos pode ajudar a evitar reações adversas. Se você for sensível a pepino, que é uma fruta, há chance de ser com o melão, pois ambos são da família das cucurbitáceas.
Culinária: na cozinha, pode influenciar a forma como preparamos e combinamos os ingredientes, abrindo novas possibilidades de receitas doces e salgadas.
Sustentabilidade: promover uma maior consciência sobre o que consumimos e de onde vem nossa comida pode incentivar escolhas mais saudáveis e sustentáveis.
O que não é fruta e legume?
Como explica Camila Queiroz, coordenadora do curso de nutrição da Universidade Cruzeiro do Sul Virtual, falsas frutas, ou pseudofrutos, são estruturas de plantas que, embora pareçam frutas, não são. "E alguns legumes que consumimos são, na verdade, frutos do ponto de vista botânico", continua Queiroz.
Pseudofrutos ou falsas frutas:
Caju: a parte suculenta que comemos é o pedúnculo, ou seja, a estrutura que conecta a flor ao caule, um pseudofruto. "O verdadeiro fruto é a castanha, que está presa à parte inferior", ressalta Camila Queiroz.
Maçã: embora a parte comestível seja o receptáculo carnoso (a base que sustenta e organiza todas as partes da flor), o verdadeiro fruto está no centro da maçã, junto às sementes.
Morango: o que comemos (a parte vermelha) é o receptáculo carnoso. "Os pequenos pontos escuros na superfície, confundidos com sementes, são os verdadeiros frutos", diz Queiroz. O mesmo princípio se aplica à amora e à framboesa.
Pera: semelhante à maçã, a parte comestível é o receptáculo floral.
Figo: desenvolve-se a partir de uma inflorescência (estrutura reprodutiva das plantas), onde várias flores se fundem.
Abacaxi: também é um pseudofruto, do tipo múltiplo ou infrutescência. Se desenvolve a partir de várias flores unidas em uma única estrutura.
Legumes que são frutos:
Tomate: embora seja usado como legume na culinária, é um fruto.
Pepino: também é um fruto. "Do tipo baga, com sementes no interior", confirma Patrícia Santiago, médica pela UEA (Universidade Estadual do Amazonas) e pós-graduada em nutrologia.
Abobrinha: fruto, do tipo pepônio, de casca dura, assim como outros membros da família das cucurbitáceas, como chuchu, melão e melancia.
Berinjela: botanicamente um fruto, mas culinariamente um legume.
Pimentão: contém sementes e se desenvolve a partir da flor, sendo um fruto.
Abóbora: inclui variedades como a moranga e a abóbora de pescoço.
Quiabo: também é um fruto, do tipo cápsula, apesar de ser usado como legume, complementa Santiago.
Motivos de tanta confusão
A diferença nas definições botânicas e culinárias é a responsável.
Para os botânicos, fruto é o ovário maduro de uma flor, contendo sementes. Já o pseudofruto é uma estrutura que parece um fruto, mas não se desenvolve a partir do ovário da flor.
Legume, em botânica, não é um termo técnico, mas costuma se referir a plantas da família Fabaceae (leguminosas), como feijão e ervilha.
Agora, num ambiente de cozinha, a distinção entre frutas e legumes está mais relacionada ao uso e sabor do que à botânica. Muitos aprendem em casa, desde cedo, que fruta é qualquer parte comestível de uma planta que é doce ou suculenta, e que legume é a parte comestível da planta usada em pratos salgados.
"Mas, em relação à saúde, mais importante do que a terminologia em contextos científicos e populares é o consumo de alimentos vegetais como base da alimentação, sendo que a OMS (Organização Mundial da Saúde) e outras instituições de saúde recomendam o consumo de, no mínimo, cinco porções diárias de frutas e vegetais combinados (400 gramas)", informa Camila Queiroz.
Na dúvida, diversifique
Não existem nutrientes exclusivos de frutas ou legumes, mas eles estão presentes em diferentes concentrações nesses vegetais.
"Na verdade, cada um oferece uma composição única de vitaminas, minerais, fibras, fitoquímicos e essa composição varia entre os tipos de alimentos, por isso a diversificação deles é essencial, para um consumo mais completo", esclarece a nutricionista Thais Barca.
As frutas são ricas em vitaminas antioxidantes, como C e A (encontradas em manga, mamão, acerola). Também são excelentes em fibras solúveis, que ajudam a controlar o colesterol e a glicemia (sendo benéficas para pessoas com diabetes tipo 2), além de promoverem a saúde digestiva. Variam em teor de carboidratos, mas fornecem frutose, um açúcar natural que oferece energia rápida.
Os legumes, por sua vez, em geral são ricos em fibras insolúveis, que ajudam na regulação do sistema gastrointestinal, e tendem a ter mais proteínas que as frutas, como o grão-de-bico e a ervilha. Contêm minerais essenciais, como potássio (presente na batata, beterraba) e são boas fontes de vitaminas do complexo B, como folato (na lentilha, no feijão-preto), importante para a produção de células e o bom funcionamento do sistema nervoso.