Topo
Notícias

Primeiro-ministro francês fará discurso de política geral em que deve falar de aumento de impostos

01/10/2024 05h54

Um mês após sua nomeação, o primeiro-ministro francês de direita, Michel Barnier, faz nesta terça-feira (1) seu discurso de política geral na Assembleia dos Deputados. Segundo a imprensa, Barnier deve apresentar algumas prioridades, sem entrar no detalhamento das medidas, e tentar imprimir sua marca de dirigente em busca de consenso. Sem maioria parlamentar, Barnier não irá se submeter a um voto de confiança dos deputados. 

Os principais desafios do primeiro-ministro são a redução da dívida pública e o déficit que chegou a 6% do PIB em 2024. Barnier já deu sinais de que irá aumentar impostos e reduzir as despesas públicas, respeitando um critério de "justiça fiscal" para não prejudicar os baixos salários e a classe média.

Apesar do cuidado para manter as medidas em sigilo, o jornal Le Parisien diz que Barnier aplicará um choque fiscal. "O desafio será fazer os franceses aceitarem um aumento de impostos de € 15 a 18 bilhões", afirma o diário, que apurou o que está em estudo. 

Segundo Le Parisien, Barnier poderá "triplicar a contribuição paga por contribuintes da faixa mais alta do imposto de renda (€ 3 bilhões), aumentar a tributação das empresas (€ 8 bilhões de euros), elevar a taxa recolhida pelo Estado nas contas de luz (€ 3 bilhões), e tributar, em caráter excepcional, as empresas de energia e transações de compra de ações (€ 3 bilhões)".  

Alvos das medidas

De acordo com o diário econômico Les Echos, o contribuinte visado no aumento do imposto de pessoa física seria uma pessoa solteira que ganha mais de € 250 mil por ano ou € 500 mil, no caso de um casal. A tributação seria aplicada tanto para os rendimentos de salário quanto financeiros.

O problema, segundo Les Echos, é que poderia haver questionamento constitucional sobre a natureza "confiscatória" do imposto. Resta a possibilidade de congelamento das duas alíquotas superiores da tabela do IR. Mas o ganho no orçamento seria pequeno, assim como a mensagem política enviada. 

Além do aumento de impostos, o orçamento que a equipe de Barnier prepara para 2025 deve ter cortes substanciais nos gastos públicos. O orçamento será revelado em 9 de outubro, com quase dez dias de atraso deviso à complexidade da crise política e de finanças públicas que a França atravessa.  

Três sindicatos, entre eles a CGT, convocaram uma greve neste 1° de outubro por aumento de salários e a revogação da reforma que elevou a idade mínima da aposentadoria para 64 anos.

A Nova Frente Popular de esquerda, vencedora das eleições legislativas de julho, já anunciou que irá apresentar uma moção de censura para tentar destituir o governo de centro-direita.

Notícias