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Mark Rutte assume OTAN e manda recado a Putin: "não cederemos"

01/10/2024 09h46

O ex-primeiro-ministro holandês Mark Rutte tomou posse nesta terça-feira (30) como Secretário-Geral da Otan, durante uma cerimônia organizada na sede da entidade, em Bruxelas. Rutte, que sucede o norueguês Jens Stoltenberg, tem o desafio de manter a unidade da Aliança Transatlântica em um contexto de guerra na Ucrânia e de uma eleição presidencial americana que pode ser decisiva para os planos e investimentos dos EUA.

Fundada em 1949, a Otan tinha como objetivo dissuadir a União Soviética de atacar a Europa e, se necessário, defender o bloco. A entidade tem um papel central nos assuntos internacionais. "Temos de garantir que a Ucrânia vença como uma nação soberana, independente e democrática", observou o ex-primeiro-ministro holandês aos jornalistas da Reuters presetes na sede da Otan em Bruxelas.

Rutte minimizou a preocupação relativamente às próximas eleições nos Estados Unidos. "Não estou preocupado. Conheço ambos os candidatos muito bem," disse. "Trabalhei com Donald Trump durante anos. Foi ele quem nos incentivou a gastar mais (na defesa), e ele conseguiu, porque agora estamos gastando muito mais do que quando ele chegou ao poder", acrescentou Mark Rute.

"Kamala Harris teve uma carreira fantástica como vice-presidente. Ela é muito respeitada, então poderei trabalhar com ambos", disse ele.

Recado a Putin

Na terça-feira (29) Mark Rutte já havia declarado que o presidente russo, Vladimir Putin, "deve perceber" que a Otan não "cederá" no seu apoio à Ucrânia. "Devemos nos concentrar no esforço de guerra", acrescentou. "Quanto mais ajudarmos a Ucrânia, mais cedo a guerra terminará", completou.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, respondeu que deseja trabalhar "efetivamente" com o holandês Mark Rutte para aproximar Kiev da adesão à Aliança.  "Estou ansioso por trabalhar eficazmente para reforçar a segurança euro-atlântica e a nossa parceria com a Aliança, à medida que a Ucrânia continua o seu caminho rumo à adesão plena à Otan", disse Zelensky em sua conta X. 

Mark Rutte segue a tradição de seu antecessor, estabelecendo as mesmas prioridades: reunir o apoio à Ucrânia, pressionar os 32 países membros a alocarem mais financiamento para defesa e manter os Estados Unidos envolvidos na segurança da Europa.

As eleições presidenciais americanas em novembro, que opõem a vice-presidente Kamala Harris ao ex-presidente Donald Trump, podem ser fundamentais para os planos de Rutte. Trump já demonstrou ter pouco apreço pela Aliança Transatlântica.

Mark Rutte renunciou este ano ao cargo de primeiro-ministro dos Países Baixos, após catorze anos no poder. Ele sempre demonstrou um apoio fervoroso à Ucrânia e alertou líderes europeus a "pararem de lamentar" sobre Donald Trump e concordar em fortalecer as defesas do continente.

Suécia e Finlândia, que durante muitas décadas foram militarmente neutras, passaram a integrar a Otan, o que lhes garante beneficiar do princípio da defesa comum de todos os membros da organização.

A Otan também reforçou o seu flanco oriental, mobilizando milhares de soldados adicionais e revisou seus planos de defesa para adaptá-los a um ataque potencial da Rússia - um risco que nunca pareceu tão concreto desde o fim da Guerra Fria.

Enquanto os líderes ocidentais descrevem a Otan como uma aliança defensiva, Moscou a considera como uma ameaça para segurança da Rússia.

Diplomatas e analistas acreditam que a principal missão de Mark Rutte será persuadir os países membros a fornecer mais tropas, armas e dinheiro para tornar os novos planos de defesa uma realidade.

As decisões da Otan são tomadas por consenso, mesmo que os Estados Unidos sejam a potência predominante. Parte importante do trabalho do Secretário-Geral da Aliança é para trabalhar em busca de compromissos.

Tendo liderado coligações governamentais durante muito tempo, Mark Rutte tem a experiência necessária para ter sucesso em suas novas funções, segundo diplomatas. Contudo, seria preferível que o antigo primeiro-ministro controlasse o ímpeto de criticar duramente outros países europeus, como já fez ocasionalmente no passado, eles acrescentaram.

(Com AFP)

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