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Fábrica da Gulliver vai a leilão pela segunda vez para pagamento de dívidas

Fábrica da Gulliver em São Caetano (SP) será leiloada pela segunda vez - Reprodução
Fábrica da Gulliver em São Caetano (SP) será leiloada pela segunda vez Imagem: Reprodução
do UOL

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/10/2024 05h30

Em recuperação judicial desde 2017, a Gulliver terá sua fábrica levada a leilão pela segunda vez este ano. O leilão eletrônico do imóvel industrial em São Caetano do Sul (SP) será realizado nos dias 9 e 23 de outubro. O valor de avaliação do imóvel é de R$ 74,8 milhões. A empresa quer que o prédio, composto por dois galpões, seja desmembrado para apenas um ser vendido no leilão.

Este é o segundo leilão da fábrica da Gulliver. O primeiro ocorreu no início deste ano. A empresa S&F Gestão arrematou o imóvel, mas não fez o pagamento no prazo estipulado pela juíza da 6ª Vara Cível de São Caetano do Sul, onde corre o processo de recuperação judicial da Gulliver. "A juíza, então, determinou que o leilão foi negativo e substituiu a empresa leiloeira [Leilão Judicial Eletrônico] do primeiro leilão pela Taba Leilões", diz Leonardo Takemoto, responsável pela área comercial-judicial da Taba Leilões. A S&F Gestão (gestão e administração de propriedade imobiliária) foi procurada pelo UOL, sem sucesso.

Empresa quer desmembramento do prédio

Negociação de dívidas. Ao UOL, Kathia Lavin, gerente geral da Gulliver e filha de um dos fundadores, afirmou que a empresa está em negociação com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para abater 90% do valor da sua dívida tributária. Ela não revela o montante da dívida.

"Diante da possibilidade dessa redução da dívida, e tudo sendo feito dentro da lei, nós conseguiremos honrar nossos compromissos sem precisar vender a fábrica toda. Podemos desmembrar o prédio e vender um prédio só. Daí a fábrica continua aqui", declara. A forma de vender imóveis de empresas em recuperação judicial é por meio de leilão. Segundo ela, os advogados da empresa vão solicitar junto à 6ª Vara Cível de São Caetano do Sul, o desmembramento do prédio para o leilão.

O imóvel é composto por dois galpões. Eles têm pé-direito que varia de 2,7 metros a 6 metros. A área total do terreno é de 7.278 metros quadrados, e a fábrica toda tem 11.551 metros quadrados de área construída.

Marca tem brinquedos clássicos

Gulliver - Reprodução/ Facebook - Reprodução/ Facebook
Um dos brinquedos clássicos da Gulliver é a coleção Super Heróis
Imagem: Reprodução/ Facebook

A Gulliver é fabricante de brinquedos tradicionais do mercado brasileiro. Um dos mais lembrados são o Forte Apache (com cenários e bonecos inspirados no velho oeste americano) e o Forças Armadas (miniaturas de soldados). Há também outros clássicos, como Fazendinha (miniaturas de animais), as coleções Super Heróis (como Batman, Robin, Homem-Aranha e Capitão América) e Big Frota (com caminhões e máquinas de construção), além de jogos de futebol de botão, entre outros.

A fábrica segue funcionando normalmente. Tem 50 funcionários e cerca de 120 brinquedos no portfólio. Segundo Lavin, o campeão de vendas é a linha pré-escolar (de blocos e figuras de montar). Ela não revela o faturamento da empresa.

Guliver não tem loja física. Vende seus produtos para outras lojas. Lavin diz que a empresa está desenvolvendo o seu e-commerce, para vender diretamente ao consumidor.

A Gulliver Manufatura de Brinquedos foi fundada em 1970. Os fundadores são Mariano Lavin Filho e Andres Luis Lavin, filhos do espanhol Mariano Lavin Ortiz. Ortiz fabricava brinquedos em Madri no início da década de 1950 e, em 1959, imigrou para o Brasil com a família para escapar da política do general Francisco Franco. Ortiz morreu em 1973, aos 59 anos.

Localizada em região estratégica

A fábrica está localizada em região estratégica de São Caetano do Sul. Fica em frente à unidade São Caetano do Hospital e Maternidade São Luiz, a 400 metros do Park Shopping São Caetano e a 2,4 quilômetros da rodovia Anchieta.

Para a Taba Leilões, o imóvel deverá ser disputado por indústrias, hospitais, construtoras e investidores. Se o prédio for comprado no leilão, serão necessários de três a seis meses para a desativação da produção no local, na avaliação da Taba Leilões.

Como será o leilão

O certame será dividido em dois leilões. O primeiro será no dia 9 de outubro, com valor inicial de R$ 74,8 milhões (valor de avaliação do imóvel). Os lances podem ser dados online a qualquer momento e serão encerrados no dia 9, às 14h. "Se o imóvel não for arrematado, abre-se automaticamente o segundo leilão, com desconto de 30% do valor de avaliação", diz Takemoto, da Taba Leilões.

O segundo leilão (23/10) tem valor inicial de R$ 52,3 milhões (30% de desconto do valor de avaliação). Os interessados poderão dar lances até o dia 23 de outubro, às 14h. A cada lance, há um incremento mínimo de R$ 50 mil no valor do lance.

Como participar e poder dar lances? É preciso se cadastrar no site da Taba Leilões e pedir habilitação para o certame.

O vencedor do leilão pagará o imóvel à vista, em 24 horas após a conclusão da operação. A quantia será usada para pagar dívidas com credores da Gulliver. A Taba Leilões informa que quem comprar o imóvel não terá qualquer responsabilidade pelas dívidas tributárias atreladas à fábrica.

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