Topo
Notícias

França: dois milhões de pessoas com mais de 60 anos vivem abaixo da linha da pobreza

30/09/2024 12h56

O alerta foi feito nesta segunda-feira (30) pela associação francesa Les Petits frères des pauvres, que publicou um relatório mostrando que solteiros e mulheres são os mais afetados.

O alerta foi feito nesta segunda-feira (30) pela associação francesa Les Petits frères des pauvres, que publicou um relatório mostrando que solteiros e mulheres são os mais afetados.

O relatório considera pobres pessoas com 60 anos ou mais que ganham em torno de 60% de € 1.216 por mês (o equivalente a cerca de R$ 7.386). O valor estipula o nível de vida considerado "médio" na França e é definido em € 1.824 euros para um casal.

A pobreza afetou 10,6% das pessoas de 65 a 74 anos em 2022, em comparação com 7,5% em 2017, de acordo com o Insee, o Instituto de Pesquisas Estatísticas francês.

No entanto, os idosos são menos afetados do que a população em geral: nove milhões de pessoas na França vivem abaixo da linha da pobreza, ou seja, 14,4% da população.

A vida a dois protege contra a precariedade, que afeta 18,8% dos idosos solteiros, em comparação a 6,4% que vivem com um parceiro, de acordo com o instituto.

Isolamento social

As mulheres, que vivem mais do que os homens, estão mais expostas. As carreiras interrompidas para acompanhar seus maridos, ou os empregos de meio período para cuidar dos filhos ou pais também resultam em pensões de aposentadoria mais baixas.

De acordo com entrevistas realizadas em 2024 pela associação com12 pessoas, 31% dos idosos têm dificuldades para pagar suas despesas diárias.

Morar sozinho também reforça o isolamento. Quatro de cada dez idosos deixaram de ir a restaurantes, tirar férias, passearam menos nos últimos 12 meses e 26% não convidam mais parentes e amigos para vir em casa por falta de recursos.

"Não posso convidar amigos em casa"

"Tenho uma pensão de € 1.100 por mês. Não me sinto pobre, mas às vezes me sinto um pouco carente, porque não posso ir ao cinema, por exemplo", explica Martine, 73 anos.

Martine foi educadora infantil, cuidava de dois filhos e nem sempre trabalhava em tempo integral. "Não posso mais convidar amigos porque não posso me dar ao luxo de cozinhar para eles. Isso leva ao isolamento social", conclui.

"Administro bem meu orçamento e sempre tenho o que comer, mas no verão, quando está muito quente, não ligo o ventilador. Dois anos atrás, minha conta de luz explodiu, então eu passo calor quando faz mais de 30 °C em casa. Essa é uma dificuldade real ", comenta.

(RFI e AFP)

Notícias