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Enfraquecido, Hezbollah ainda representa ameaça a Israel, mas grupo xiita não deve ter apoio da Síria

RFI

30/09/2024 15h00

Enquanto Israel bombardeia alvos do grupo libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã, em Beirute e no leste e sul do Líbano, a comunidade internacional se pergunta quem pode suceder líder xiita morto em ataque israelense. Os ataques do Estado hebreu já mataram centenas de pessoas e forçaram outras centenas de milhares a fugir das suas casas, enquanto países como a Alemanha se preocupam pela segurança de seus cidadãos no Líbano.

Para Fabrice Balanche, professor de geografia na universidade Lyon 2 e autor de livros sobre o Oriente Médio, os dirigentes do Líbano são prudentes neste momento, ainda que alguns comemorem em silêncio o enfraquecimento do Hezbollah. "Nasrallah era um Deus vivo e todos aqueles que discordassem dele corriam perigo", diz em entrevista à RFI. O especialista acrescenta que o Hezbollah "é mais sólido do que se acredita".

O professor explica que embora o potencial militar do grupo xiita tenha sido atingido, "o Hezbollah ainda tem muitos mísseis para combater Israel ou matar quem quer que seja". Ele explica, ainda, porque não há muitas vozes se pronunciando sobre o futuro militar do grupo. "Bashar al-Assad tem medo de ser o próximo alvo", acredita Balanche, observando quem em outubro de 2023 os israelenses já haviam alertado a Síria para não interferir na sua guerra contra o Hamas.

O sucessor de Nasrallah

O primo de Nasrallah, Hachem Safieddine, é apontado como o seu potencial sucessor na liderança do grupo xiita libanês. O historiador e especialista em Oriente Médio Jonathan Piron, do Grupo de Pesquisa e Informação Sobre a Paz e a Segurança, baseado em Bruxelas, conversou com a RFI sobre o futuro do Hezbollah.

"É possível que se for Hachem Safieddine o sucessor de Nasrallah, os laços do Hezbollah com o Irã sejam reforçados. De fato, o Hezbollah ficou enfraquecido com a morte de seu principal líder, mas ele não foi destruído e não vai desaparecer. Há outras personalidades importantes que seguem ativas no movimento. Então, o Hezbollah tem a capacidade de se reorganizar, mas certamente vai precisar de vários meses ou até vários anos para se reconstruir e se restabelecer", acredita.

O grupo islâmico libanês Hezbollah começou a lançar foguetes em direção ao norte de Israel no dia 8 de outubro, afirmando agir em apoio ao seu aliado Hamas, o movimento palestino em guerra contra o Exército israelense na Faixa de Gaza desde que seus combatentes realizaram um ataque no sul de Israel, no dia 7 de outubro.

Alemanha retira seus cidadãos do Líbano

Preocupa com a segurança de seus cidadãos, a Alemanha anunciou nesta segunda-feira (30), o envio de um avião militar ao Líbano para retirar o pessoal diplomático e suas famílias, assim como alemães com problemas de saúde.

"Um avião A321 da Força Aérea voou hoje para Beirute para apoiar a saída de colegas e suas famílias", detalhou um comunicado conjunto dos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa. "Cidadãos alemães que estejam particularmente em risco devido a circunstâncias médicas estão sendo retirados no avião da Bundeswehr", afirmou o comunicado.

A embaixada do país em Beirute continua funcionando para ajudar os cerca de 1.800 cidadãos alemães presentes. Apenas o pessoal não essencial da embaixada e as suas famílias serão retirados. "A embaixada continua apoiando os alemães que permanecem no Líbano na sua saída por meio de voos comerciais e outros meios", acrescentou o comunicado. "Os ministérios das Relações Exteriores e da Defesa continuam a coordenar isso muito de perto".

O comunicado reiterou que "todos os alemães no Líbano foram instados a deixar o país desde outubro de 2023".

Biden é contra operação militar terrestre no Líbano

O presidente americano, Joe Biden, deu a entender nesta segunda-feira que se opõe às operações terrestres israelenses no Líbano e pediu um cessar-fogo, após o assassinato do líder do Hezbollah, Hasan Nasrallah. "Sei mais do que vocês pensam e concordo que devem parar. Deveríamos ter um cessar-fogo agora", disse Biden aos repórteres quando questionado se está ciente da possibilidade de Israel planejar uma operação terrestre e se isso seria bom.

Já o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu nesta segunda-feira em uma mensagem direcionada ao povo iraniano, que "não há lugar no Oriente Médio que Israel não possa alcançar", enquanto o seu Exército bombardeia posições do Hezbollah, apoiado pelo Irã, no Líbano.

"Não há lugar no Oriente Médio que Israel não possa alcançar", afirmou Netanyahu em uma declaração em inglês em vídeo, na qual disse aos iranianos que seu "regime mergulha a região cada vez mais na escuridão e na guerra". Netanyahu continuou: "a cada momento, o regime aproxima vocês, o nobre povo persa, do abismo", acrescentou.

As declarações de Netanyahu foram feitas horas depois de o porta-voz iraniano ter indicado que Teerã não pretende destacar combatentes no Líbano ou em Gaza para confrontar Israel.

Porém, de acordo com o site do governo iraniano, o presidente do Irã, Massud Pezeshkian, visitou o escritório do Hezbollah em Teerã para "prestar homenagem" a Nasrallah.

(Com RFI e AFP)

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