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Nomes do alto escalão da gestão Bolsonaro patinam em eleições para prefeito

Bolsonaro tenta eleger o ex-chefe da Abin Alexandre Ramagem no Rio de Janeiro - Mauro Pimentel - 18.jul.2024/AFP
Bolsonaro tenta eleger o ex-chefe da Abin Alexandre Ramagem no Rio de Janeiro Imagem: Mauro Pimentel - 18.jul.2024/AFP
do UOL

Do UOL, em São Paulo

28/09/2024 05h30

Três candidatos que fizeram parte do alto escalão do governo do Bolsonaro patinam nas pesquisas de opinião, na reta final das eleições municipais.

O que aconteceu

Alexandre Ramagem, Marcelo Queiroga e "ministro sanfoneiro" não devem ir para o segundo turno. As pesquisas de intenção de voto mostram Ramagem, no Rio, Queiroga, em João Pessoa, e Gilson Machado, no Recife, distante de seus adversários.

Baixa competitividade expõe dificuldade de apadrinhados de Bolsonaro repetirem o desempenho de 2022. Nas eleições para o Congresso Federal e para governador, ao menos 12 expoentes do governo anterior surfaram na onda do bolsonarismo e conquistaram algum cargo nas eleições daquele ano.

Ramagem é a aposta do PL no Rio e contou com a presença de Bolsonaro em atos de sua campanha. O ex-chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) aparece em segundo lugar nas pesquisas, distante do atual prefeito Eduardo Paes (PSD) — o bolsonarista ficou com 17% das intenções de voto contra 59% de Paes, segundo o último Datafolha.

Em Recife e João Pessoa, ex-ministro de Turismo e ex-titular da Saúde estão na faixa de 10% dos votos. Na capital pernambucana, Machado, que ficou conhecido por tocar sanfona nas lives semanais de Bolsonaro, registrou 9% no último Datafolha. Em João Pessoa, Queiroga tem 11% dos votos, segundo pesquisa Quaest de 17 de setembro.

Bolsonaro com o então ministro do Turismo, Gilson Machado, em evento oficial do governo - Alan Santos - 18.nov.2018/Presidência da República - Alan Santos - 18.nov.2018/Presidência da República
Bolsonaro com o então ministro do Turismo, Gilson Machado, em evento oficial do governo
Imagem: Alan Santos - 18.nov.2018/Presidência da República

Contexto de eleições municipais é outro

Bolsonaro fora da Presidência e sem disputar novo cargo enfraquece candidatura de bolsonaristas, afirma especialista. "Pesa a questão de que ele não está mais no poder. Quando você não exerce mais nenhum cargo, o fato de colocar um candidato não tem mais tanto efeito", diz Leandro Consentino, cientista político e professor do Insper.

Em 2022, Bolsonaro elegeu ao menos 12 expoentes de sua antiga gestão. Entre os destaques, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi ministro da Infraestrutura e venceu Fernando Haddad (PT) no 2º turno da disputa pelo governo do estado de São Paulo, além de nomes como os de Damares Alves, Marcos Pontes e Hamilton Mourão para o Senado, e Ricardo Salles e Eduardo Pazuello para a Câmara.

Marcelo Queiroga foi ministro da Saúde no governo Bolsonaro durante parte da pandemia de covid-19 - Myke Sena - 26.mai.2021/Ministério da Saúde - Myke Sena - 26.mai.2021/Ministério da Saúde
Marcelo Queiroga foi ministro da Saúde no governo Bolsonaro durante parte da pandemia de covid-19
Imagem: Myke Sena - 26.mai.2021/Ministério da Saúde

Contexto local das cidades também tiram poder de influência do ex-presidente. Para Consentino, questões mais cotidianas, como a zeladoria das cidades e nomes com mais força regional, são fatores mais determinantes para os eleitores escolherem em quem votar.

A população eleitor considera mais a dinâmica do próprio município, com preocupações mais locais. O Rio de Janeiro é um exemplo disso. O Eduardo Paes é uma liderança forte na cidade e conseguiu formar uma coligação ampla que supera a força de Bolsonaro.
Leandro Consentino, cientista político

Condenação no TSE é outro fator que põe Bolsonaro na posição de carta fora do baralho. O ex-presidente foi declarado inelegível até 2030 por convocar uma reunião com embaixadores transmitida pela TV Brasil para fazer ataques às urnas eletrônicas.

"Vemos muito mais os candidatos a prefeito associando suas imagens aos governadores", diz pesquisador. Pedro Fassoni Arruda, cientista político e professor da PUC-SP, cita o exemplo de Ricardo Nunes (MDB). O prefeito de São Paulo tenta a reeleição e não faz parte do governo Bolsonaro, mas tem o apoio do ex-presidente e conta a presença maior de Tarcísio na campanha.

Tarcísio participou de 13 de agendas de campanha de Nunes, e Bolsonaro apareceu em vídeo em uma. Entre os compromissos que o governador foi estão caminhadas por comércios, encontros com empresários e entidades de classe e reuniões políticas. O ex-presidente, por outro lado, só participou virtualmente de uma — Bolsonaro também não gravou para o programa eleitoral de Nunes e ainda não há data para que isso ocorra.

O que dizem os especialistas

Se comparamos com 2022, o Bolsonaro estava muito mais engajado na própria candidatura, porque o nome dele aparecia. Isso, de alguma forma, fortaleceu o voto em dobradinha, quando o eleitor votou nele para a Presidência e em outros nomes apoiados por ele para outros cargos. Leandro Consentino, cientista político e professor do Insper

Nas eleições de 2022, o Bolsonaro ainda era candidato e ocorreu a simultaneidade por ele estar disputando a Presidência. Por isso, ele funcionou como cabo eleitoral, aparecia na campanha desses aliados e funcionava como um puxador de votos. O nome dele naquele momento estava em mais evidência. Pedro Fassoni Arruda, cientista político e professor da PUC-SP

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