Morta no ostracismo na França, soprano brasileira Maria D'Apparecida é homenageada com placa em Paris
A brasileira Maria d'Apparecida, que ficou conhecida por interpretar a personagem Carmen, de Bizet, na Ópera de Paris, recebe homenagem tardia na capital francesa. Uma placa em sua memória foi inaugurada neste sábado (28) diante do prédio onde a estrela da música lírica nos anos 1960 viveu.
Silvano Mendes, de Paris
A placa foi inaugurada diante de um pequeno grupo de admiradores na fachada do prédio do 19, rue Auguste Vacquerie, no 16° distrito de Paris, perto do Arco do Triunfo. A homenagem foi uma iniciativa de uma associação criada após sua morte.
A soprano terminou seus dias sozinha na capital francesa, onde fez carreira e conquistou a fama. A carioca foi encontrada sem vida em seu apartamento em julho de 2017 e, como não tinha família na França, só foi sepultada dois meses após sua morte. Na época, sua morte chocou os brasileiros que vivem na França.
Desde então, algumas iniciativas foram lançadas para celebrar sua carreira. A primeira delas foi a criação da associação Les amis de Maria d'Apparecida/Os amigos de Maria d'Apparecida, fundada para preservar sua memória. "Ela caiu no esquecimento e é conhecida apenas no meio musical", contou à RFI Maria Luisa Souto Maior à RFI quando, em 2018, junto com um grupo de conhecidos e admiradores da cantora, lançou a associação.
Negra, filha de empregada doméstica e discriminada no Brasil
A história dessa filha de uma empregada doméstica, fruto de uma relação com o filho da patroa e criada por uma família que a educou nos melhores colégios do Rio de Janeiro, também se tornou um livro, lançado em 2019. Em Maria d'Apparecida - Une Maria pas comme les autres, a escritora Mazé Torquato Chotil conta a trajetória da brasileira que deixou o Brasil após uma passagem frustrada pelo conservatório carioca que, nos anos 1950, não estava pronto para acolher uma cantora lírica negra.
O livro, publicado também em português com o título Maria d'Apparecida - negraluminosa voz (editora Alameda), relata a saga de uma artista que fez grandes papéis em óperas europeias antes de se tornar cantora popular, se apresentando na televisão francesa ou ao lado de nomes como Baden Powell.