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Debate com regras rígidas tem Nunes alvo de rivais, e Tabata contra Boulos

do UOL

Do UOL, em São Paulo

28/09/2024 23h07Atualizada em 29/09/2024 00h55

Com regras mais rígidas, o debate da Record para a Prefeitura de São Paulo, na noite deste sábado (28), foi menos tenso e agressivo do que os anteriores. Não faltaram, porém, ataques entre os candidatos: o prefeito Ricardo Nunes (MDB) foi alvo preferencial dos adversários e Tabata Amaral (PSB) mirou possíveis contradições de Guilherme Boulos (PSOL).

O que aconteceu

Encontro teve punição e menos embates. Após eventos marcados por discussões aos gritos e violência física — cadeirada de Datena em Marçal e soco de assessor do ex-coach em marqueteiro de Nunes —, o encontro da Record conseguiu reduzir os embates. Pablo Marçal (PRTB), por exemplo, foi punido por chamar Boulos de "Boules" e perdeu tempo para fazer considerações finais no primeiro bloco.

Nunes foi especialmente visado pelos adversários. Eles criticaram a gestão do prefeito sobretudo nos temas de segurança, educação e aumento da população de rua. Marçal teve uma postura mais contida, mas não deixou de fazer ataques pessoais a Nunes. Foi ele quem mais tentou, por exemplo, ligar Nunes a investigações sobre desvios em creches.

Nunes é cobrado por qualidade da educação

Desde o início do debate, Marçal partiu para cima de Nunes. O primeiro ataque foi sobre educação: ele disse ter conhecido crianças de 11 anos em bairros da zona norte que não sabiam escrever e citou a queda da capital paulista em indicadores do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).

Marçal também afirmou que Nunes e familiares foram beneficiados por desvios na educação infantil. O prefeito não está entre as 117 pessoas que já foram indiciadas no caso da chamada "máfia das creches", mas a PF pediu uma investigação específica contra ele.

Prefeito rebateu lembrando o histórico de Marçal na Justiça. O prefeito chamou o empresário de "menitroso contumaz" e lembrou que Marçal já foi condenado por prestar serviço em uma quadrilha de crimes digitais.

Candidatos tentaram isolar candidato do PRTB. Eles evitaram fazer perguntas ao empresário nos embates diretos. Marina Helena, a primeira que se dirigiu a Marçal, perguntou a ele sobre aumentos de impostos. O influenciador respondeu criticando a adversária e o partido Novo por usar dinheiro do fundo eleitoral.

Alfinetada em Boulos leva à advertância do ex-coach. Além de tentar relacionar o adversário a "gastos com parasita e com a companheirada", o empresário se referiu ao rival como "Boules". Como os apelidos pejorativos foram proibidos pela organização, ele foi advertido e punido com perda de 30 segundos de suas considerações finais.

Existe em curso uma investigação da Polícia Federal em relação ao desvio de merenda. E esse desvio de merenda, não quero ser injusto com você (...). Existem lá pagamentos no seu nome, pagamentos no nome de familiar, e eu queria que você desse explicação, não fugindo. Se você fosse de fato prefeito, ninguém aqui está criticando a prefeitura, nós estamos mostrando a pessoa que toca a prefeitura.
Pablo Marçal (PRTB), em pergunta a Ricardo Nunes (MDB)

Olha, Pablo Henrique, quem fugiu da polícia foi você. Fugiu pela sua condenação de ter integrado uma das maiores quadrilhas desse país para poder roubar dinheiro de pessoas humildes pela internet. Quem foi preso foi você. A minha vida é limpa e continuará limpa para sempre.
Ricardo Nunes (MDB), em resposta a Pablo Marçal (PRTB)

Boulos é alvo de Tabata enquanto mira em Nunes

Tabata cobrou posição de Boulos sobre aborto e Venezuela. Na primeira vez em que teve a palavra, no bloco inicial, a candidata do PSB questionou o concorrente sobre mudanças de posição em temas como aborto e o regime venezuelano e afirmou que o PSOL, partido de Boulos, foi contra a prefeitura fazer parcerias para a educação infantil.

Psolista evitou responder diretamente. Ele não entrou em detalhes sobre suas posições e as do partido, e disse lamentar que Tabata tenha levantado "questões que não procedem com a verdade". Em seguida, afirmou que governará para toda a cidade, não apenas para os que têm as mesmas ideias ou as do partido dele.

Nunes é questionado sobre indicações de Jair Bolsonaro (PL) num eventual segundo mandato. Em resposta, o prefeito elogiou o ex-presidente por ter escolhido o candidato a vice na chapa, o coronel da PM Mello Araújo (PL), Boulos lembrou que o postulante a vice de Nunes defendeu, em vídeo, que a polícia trate moradores da periferia de forma diferente à de bairros ricos. Nunes rebateu afirmando que Araújo é "honrado".

Prefeito ironiza prefeitura mal avaliada do PSOL em Belém. Nunes voltou a tentar colar no psolista a imagem de invasor de propriedades e destacou que o adversário não tem experiência administrativa. Lembrou que único prefeito do PSOL em capitais, o de Belém, tem sido mal avaliado. Também insistiu em retratar Boulos como desordeiro e afirmou que projetos habitacionais em São Paulo, apoiados pelo psolista, foram feitos por meio de invasões.

Nunes e Boulos evitam resposta sobre futuro governo

Os candidatos foram questionados sobre futuros nomes que poderão compor os governos deles. Além de Nunes ser cobrado sobre possíveis indicações de Bolsonaro, Boulos foi questionado pela jornalista Bruna Lima, do portal R7, sobre quem será seu secretário da Habitação, uma vez que ele teve participação ativa no MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).

Papel do MTST em eventual governo é especulado. "Caso o senhor seja eleito, a dúvida de parte do eleitorado é como o senhor vai conduzir a questão das invasões", perguntou a jornalista, que ainda questionou o papel do movimento em um possível governo Boulos.

Boulos não respondeu quem chefiaria a pasta da Habitação. Ele voltou a afirmar que tem orgulho de ter lutado por moradia ao lado do MTST e negou que o movimento tenha invadido casas. "Como prefeito, não vai acontecer ocupação de movimento social, porque ocupação acontece quando não tem política de moradia", disse.

Marçal também foi questionado se dirigentes do PRTB terão espaço na gestão dele. Outro questionamento apontou sua ligação com o presidente nacional do partido, Leonardo Avalanche, que é suspeito de elo com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Empresário disse que os dirigentes do partido não terão "liderança" num evetual governo dele. Marçal respondeu que Avalanche deverá pagar, se for culpado por algo, mas disse que o dirigente "resistiu a todo o tipo de ataque" para sustentar a candidatura dele.

Nunes afirmou que Bolsonaro é parte de uma "frente ampla". Ele não respondeu diretamente se o ex-presidente poderá ou não indicar nomes, mas elogiou a indicação do candidato a vice, Mello Araújo, que geriu a Ceagesp durante o governo Bolsonaro.

Candidatos reclamaram por excesso de segurança antes do início do debate. Os copos usados no estúdio eram de acrílico, não de vidro; cadeiras voltaram a ser parafusadas no chão e as equipes tiveram de passar por detectores de metal. Boulos e Marina Helena fizeram críticas.

A uma semana da eleição, debate da Record tinha peso estratégico para candidatos. O canal do bispo Edir Macedo investe no público evangélico, grupo estratégico para as eleições deste ano. A audiência registrada foi de 7,6 pontos no ibope.

*Participaram desta cobertura Anna Satie, Bruno Luiz, Caíque Alencar, Bruno Luiz, Laila Nery, Manuela Rached, Rafael Neves e Saulo Pereira Guimarães, do UOL, e Caio Santana, em colaboração para o UOL.

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