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Com candidato antivacina e contra imigração, extrema direita lidera pesquisas em eleições na Áustria

28/09/2024 14h40

Os austríacos vão às urnas neste domingo (29) para eleger seus deputados e escolher o novo chanceler do país europeu. O partido conservador ÖVP, atualmente no poder na Áustria, aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás da legenda de extrema direita FPÖ, liderada por Herbert Kickl. Personagem controverso, o candidato ficou conhecido por sua posição contrária às vacinas durante a pandemia de Covid-19, além de sua linha dura contra a imigração.  

Com informações de Isaure Hiace, correspondente da RFI em Viena

O conservador Partido popular austríaco (ÖVP) e o Partido da liberdade (FPÖ), de extrema direita, são seguidos nas pesquisas pelo Partido social-democrata (SPO). As três principais legenda têm entre 20% e 30% das intenções de voto. Se os números se confirmarem, nenhuma maioria será definida no pleito e, independentemente do resultado, o vencedor terá que negociar com pelo menos um segundo partido para formar uma coalizão.

As pesquisas sugerem que a única aliança com probabilidade de garantir a maioria absoluta (92 dos 183 membros eleitos) seria entre o FPÖ e o ÖVP, sendo os conservadores do governo os únicos que se mostraram abertos a um acordo com a extrema direita. Os dois partidos compartilham posições comuns sobre regras de imigração mais rígidas e cortes de impostos. No entanto, o radicalismo de Herbert Kickl pode ser um obstáculo.

Kickl, que assumiu a direção da legenda de extrema direita em 2021, conseguiu reestabelecer a imagem do partido, arranhada após um escândalo de corrupção envolvendo seu antigo chefe e então vice-chanceler, Heinz-Christian Strache, em 2019, graças a uma postura radical, tanto no conteúdo quanto na forma. Ele usa termos que são referências veladas à linguagem nacional-socialista, assume posições pró-russas, pede uma "orbanização da Áustria", em referência ao líder húngaro Viktor Orbán, e defende posições cada vez mais extremas sobre a imigração. Kickl repete constantemente seu desejo de ter uma "Áustria fortaleza".

Personagem misterioso

Herbert Kickl gosta de cultivar o mistério. Pouco se sabe sobre sua vida pessoal, além do fato de que ele veio de uma família modesta e cresceu na Caríntia antes de se mudar para Viena para estudar. Ele deixou a escola sem se formar antes de entrar para o FPÖ e deve sua ascensão a Jörg Haider, a figura histórica do partido. Mas durante anos ele permaneceu nos bastidores, até se tornar o porta-voz do movimento antivacina, que teve uma adesão importante na Áustria durante a pandemia de Covid-19.

Sua postura extrema sobre assuntos polêmicos parece funcionar, observa Robert Treichler, autor de uma biografia sobre o candidato. "Kickl é sempre agressivo, sempre atacando", explica ele. "Esse tipo de atitude e estilo o teria impedido de se tornar um líder, mas hoje se encaixa em nossos tempos, porque as coisas mudaram muito do ponto de vista político, assim como a atmosfera geral", analisa o autor.

Mas o radicalismo que fez Kickl ganhar fama pode impedi-lo de se tornar chanceler. Karl Nehammer, líder dos conservadores, o partido que poderia unir forças com o FPÖ para governar, não exclui totalmente negociar com o FPÖ, mas já disse que recusa qualquer tipo de diálogo com Herbert Kickl.

Alexander Van der Bellen, o atual presidente austríaco e ex-líder dos Verdes, também expressou suas reservas em relação ao FPÖ e, em particular, seu líder. O chefe de Estado já avisou que não é obrigado a entrar em um acordo. "É uma prática estabelecida, mas, até onde eu sei, não está na Constituição", disse ele no ano passado.

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