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"Sou muito boa em interpretar velhinhas rabugentas", dizia Maggie Smith, morta aos 89 anos

27/09/2024 15h11

A família dae Maggie Smith, importante nome do teatro e do cinema no Reino Unido, informou à BBC a morte da atriz, nesta sexta-feira (27), aos 89 anos. Em 70 anos de carreira, ela desempenhou papéis icônicos nas telonas e na televisão, como a professora McGonagall na saga Harry Potter. Lady Violet, da série Downton Abbey, é outra personagem marcante.

Maggie Smith "faleceu em paz, no hospital esta manhã", informaram seus filhos Chris Larkin e Toby Stephens. "Ela era uma pessoa muito reservada, mas estava com amigos e familiares no final da vida. Ela deixa dois filhos amorosos e cinco netos que estão arrasados ??pela perda de sua extraordinária mãe e avó", acrescentaram.

Colosso do cinema e do teatro britânicos, sua trajetória foi marcada por papéis e gêneros ecléticos: da madre superiora ao lado de Whoopi Goldberg em Sister Act (1992) à professora nos filmes da saga Harry Potter, de J.K.Rowling, passando por uma neurótica em Uma Janela para o Amor (1986) ou a idosa sem-teto em A Senhora da Van (2015).

A cativante Lady Violet Crawley de Downton Abbey

A série britânica Downton Abbey mudou a vida de Maggie Smith, tornando-a uma celebridade internacional com a cativante Condessa de Grantham, Lady Violet Crawley, e suas falas e expressões faciais hilariantes. "Eu levava uma vida perfeitamente normal antes de Downton Abbey", série vendida em mais de 150 países, disse a atriz ao British Film Institute, em abril de 2017. "Eu ia ao teatro, galerias de arte, coisas assim, sozinha. Agora, não posso", lamentou ela.

A atriz interpretou a implacável aristocrata durante seis temporadas da série de televisão (2010-2015) criada por Julian Fellowes, ganhando um Globo de Ouro e três prêmios Emmy. Depois de ter inicialmente se recusado a participar das adaptações da série para o cinema, a atriz finalmente estrelou os dois filmes lançados em 2019 e 2022.

Durante a sua longa carreira, ela ganhou dois Oscars, seis Baftas (incluindo um honorário) e quatro prêmios Emmy, totalizando 108 indicações em todos os prêmios.

Dama Comandante da Ordem do Império Britânico

Nascida em 28 de dezembro de 1934 em Ilford, Essex (sudeste da Inglaterra), Margaret Smith começou nos palcos do Oxford Playhouse no início dos anos 1950. Ela então se juntou à trupe do teatro londrino. No Royal National Theatre, teve uma série de sucessos, ao lado do marido, o ator Robert Stephens.

Sua carreira cinematográfica decolou na década de 1960 e em 1969 ela ganhou o Oscar de melhor atriz por Os Belos Anos de Miss Brodie.

Seu casamento com Robert Stephens, um alcoólatra, infiel e depressivo, com quem teve dois filhos, ruiu em 1973. Ela divorciou-se em 1975 e se casou novamente pouco depois com o dramaturgo Beverley Cross, com quem foi viver e trabalhar no Canadá.

Humor, perfeição e excelência

Artista completa, Maggie Smith era conhecida pelo humor e pela preocupação com a perfeição. "É verdade que não tolero imbecis e, portanto, eles não me toleram, e por isso fico irritada. Talvez seja por isso que sou muito boa em interpretar velhinhas rabugentas", disse ela ao diário britânico The Guardian, em 2014.

Assim, ela se destacou ao interpretar a esnobe e arrepiante Lady Constance no filme Gosford Park, de Robert Altman (2001), cujo roteirista já era Julian Fellowes, que escreveu Downton Abbey.

"Ela consegue capturar em um momento mais do que muitos atores conseguem transmitir em um filme inteiro. Ela pode ser vulnerável, feroz, sombria e hilária ao mesmo tempo e traz para o set todos os dias a energia e a curiosidade de um jovem ator que está começando", disse Nicholas Hytner, que a dirigiu em "A Dama na Van", em 2015.

Maggie Smith sobreviveu a um câncer de mama diagnosticado em 2007 e participou das filmagens do filme Harry Potter e o Enigma do Príncipe (2009) enquanto fazia tratamento de quimioterapia. "Eu estava careca como um ovo", disse a atriz ao Times, afirmando que teve de usar peruca. Ela também sofria da doença de Graves, uma doença autoimune da tireoide que faz com que o olho saia da órbita.

(Com RFI e AFP)

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