Na ONU, Brasil e China reforçam plano de 'amigos da paz' na Ucrânia
Brasil e China, membros do BRICS, têm intensificado diálogos para promover uma solução diplomática para a crise na Ucrânia. Nesta sexta-feira (27), durante a 79ª Assembleia Geral da ONU em Nova York, os chanceleres de ambos os países se reuniram para discutir a estratégia de paz e buscar apoio de nações do Sul Global à proposta.
Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York
Em maio, durante a visita do assessor especial da presidência brasileira Celso Amorim a Pequim, os dois países apresentaram um plano de paz de seis pontos, intitulado "Entendimentos Comuns entre a China e o Brasil sobre a Solução Política da Crise na Ucrânia". O documento propunha a organização de uma conferência internacional de paz, promover a troca de prisioneiros de guerra e proibir o uso de armas de destruição em massa, incluindo ataques nucleares, entre outros tópicos.
"Essa é a mensagem do entendimento de seis pontos que China e Brasil oferecem para iniciar um processo de diálogo e pôr fim às hostilidades", afirmou o presidente Lula durante seu discurso de abertura na Assembleia Geral das Nações Unidas.
No início desta tarde, o assessor para Assuntos Internacionais Celso Amorim, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, fizeram uma declaração conjunta à imprensa sobre os avanços dessas tratativas.
A China fez questão de ressaltar os pontos do acordo, que foi analisado por 17 países com a presença de três nações observadoras, dizendo que o objetivo é respeitar a soberania dos países envolvidos. Pequim salientou que Brasil e China querem ser parceiros da Rússia e da Ucrânia, em uma negociação diplomática pela paz.
'Amigos da paz'
Nesse mesmo sentido, Celso Amorim falou aos jornalistas presentes no local que o grupo formado para desenhar essa estratégia não é amigo nem da Rússia, nem da Ucrânia: "nós somos amigos da paz", disse o assessor especial.
"No ponto de vista do Brasil, é importante para a continuidade, porque a continuação imediata vai ser aqui na ONU. Claro que não se sabe como e eu não quero entrar na especulação", ressaltou Amorim.
Questionado sobre a pouca participação da Ucrânia e o possível ceticismo manifestado por Volodymyr Zelensky, Amorim disse que "não sabe" se o líder ucraniano está incomodado. "Ele não me falou", respondeu o assessor, completando que Rússia e Ucrânia "serão parte do processo quando o momento certo chegar" - sem especificar datas.
"Eu fui a Kiev, nós ouvimos o ponto de vista dele. Ano passado, o presidente Lula recebeu o Zelensky aqui, e falou por vídeo com o Zelensky. Eu acho que já falei mais com o Andrii Sybiha? [ministro de Relações Exteriores de Ucrânia] do que com qualquer outro ministro, mais do que com a minha família", salientou.
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