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Mulher diz que foi agredida por homem em estação de trem em SP: 'Revolta'

Mulher disse ter sido agredida por homem em estação da CPTM - Imagem cedida ao UOL
Mulher disse ter sido agredida por homem em estação da CPTM Imagem: Imagem cedida ao UOL
do UOL

Do UOL, em São Paulo

27/09/2024 21h48

Uma mulher diz ter sido agredida com soco no nariz por um homem durante confusão na plataforma da estação da Luz, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), em São Paulo, no último domingo (22).

O que aconteceu

Delma Cassia de Lima, de 44 anos, é auxiliar de limpeza e estava com filhas no momento da discussão. A mulher voltava da casa da mãe dela, acompanhada das filhas e da neta de um ano, que estava no colo. A briga teria começado quando a família se dirigia para a plataforma quando um homem —não identificado— pisou no pé de uma das filhas da mulher. Os dois iniciaram uma discussão. O homem teria dado um soco no braço e no peito de uma das meninas, segundo a mulher relatou ao UOL.

As pessoas que estavam perto conseguiram separar a briga, mas os dois teriam se reencontrado na plataforma. Foi aí que outra discussão começou. O homem teria dado um soco no nariz de Delma, que reclama da falta de apoio de funcionários da CPTM.

Ele deu um soco no meu nariz. Estou com o meu nariz quebrado. E eu pedindo socorro desde lá debaixo e nenhum guarda da CPTM veio para nos socorrer. Ele me deu um soco. Ele achava que estava brigando com um homem. É difícil, porque você acha que sai para passear com a sua família, mas, ao voltar para a sua casa, um desconhecido te agride. É um sentimento de revolta.
Delma Cassia de Lima, em contato com o UOL

Envolvidos na confusão foram levados para uma sala da CPTM. Uma ocorrência interna foi aberta, informou a empresa responsável por gerenciar as linhas de trens na Grande São Paulo. Eles teriam esperado por cerca de duas horas até serem encaminhados para a delegacia.

Mulher cita falta de apoio na delegacia

Delma e as filhas foram levadas até o 2º DP (Distrito Policial) do Bom Retiro. No local, ela conta que o homem e a mulher dele, que são brancos, foram prontamente atendidos pela equipe e liberados na sequência. Já ela e as filhas, que são negras, disseram não ter recebido a devida atenção dos funcionários.

Por serem brancos... chegamos na primeira delegacia, e 'o delegado' fez pouco caso da minha cara. É um estado de revolta. Eles têm que acolher a gente primeiro, mulher. Eu fui agredida. Eu estava sangrando. Minha filha de 16 anos está com o braço roxo. Minha outra filha machucou a coluna dela. Está tomando antibiótico. Eu estou tomando remédio. Estou há cinco dias sem trabalhar porque eu estou com meu nariz machucado. A chegar em um órgão público achando que terá suporte de uma delegacia e, ao chegar lá, a delegacia não te dá suporte.
Delma, sobre o atendimento na delegacia

Elas foram aconselhadas a fazer o exame de corpo de delito para, só depois, registrarem o boletim de ocorrência. Decidiram ir em busca de atendimento numa Delegacia da Mulher, no Cambuci, região central de São Paulo.

Delma contou que tem sofrido com crises de ansiedade após o episódio. "Aí você sofre racismo, porque, para mim, foi um ato de racismo do rapaz. A minha empresa até possibilitou um psicólogo para mim. Para eu sair do trem hoje já começou a me dar aquela crise de ansiedade. Comecei a ficar com o coração acelerado, não queria sair. Falei para minha filha, 'tô com medo de sair e encontrar com esse cara de novo na rua'."

Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo diz que o caso foi registrado como lesão corporal pela 1ª DDM (Delegacia da Mulher) e que a investigação será feita pelo 2º DP. "A vítima representou criminalmente contra o autor, que ainda não foi identificado. A investigação do caso segue pelo 2° DP (Bom Retiro), responsável pela área dos fatos, que atua para identificar o homem, bem como esclarecer todas as circunstâncias."

Sobre a falta de apoio na delegacia, a SSP não quis se manifestar.

A reportagem também entrou em contato com a CPTM. A empresa negou a falta de assistência e disse que fez tudo o que poderia ter feito naquele momento.

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