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Governo brasileiro confirma segunda vítima brasileira em ataques de Israel no Líbano

27/09/2024 13h54

O Ministério das Relações Exteriores confirmou a morte de mais uma vítima brasileira durante os bombardeios promovidos por Israel no Líbano: a adolescente brasileira Mirna Raef Nasser, de 16 anos, natural de Balneário Camboriú (Santa Catarina), e seu pai foram atingidos por um ataque aéreo no sul do Líbano, ocorrido na segunda-feira (23).

Em uma nota, o Itamaraty informa com "grande pesar e consternação" sobre a morte da garota - um dia depois de relatar a de outro adolescente, Kamal Abdallah, de 15 anos e nascido em Foz do Iguaçu, durante um bombardeio no Vale do Bekaa, no Líbano.

O pai de Ali, de nacionalidade paraguaia, também faleceu, na segunda-feira. A embaixada do Brasil em Beirute presta assistência às duas famílias, indica a nota.

"O governo brasileiro reitera a condenação, nos mais fortes termos, aos contínuos ataques aéreos israelenses contra zonas civis no Líbano e renova o apelo às partes envolvidas para que cessem imediatamente as hostilidades", acrescenta o texto desta sexta-feira, ao "expressar à família [de Mirna Raef] as mais sentidas condolências".

Na véspera, o Itamaraty havia salientado que os bombardeios aéreos israelenses atingem "zonas civis densamente povoadas no Líbano".

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Violentas explosões em Beirute

Nesta sexta, explosões violentas foram ouvidas em Beirute. A agência oficial libanesa disse que uma série de ataques israelenses tinham como alvo os subúrbios ao sul da capital, e Israel informou que eles visavam a sede do movimento islâmico Hezbollah.

Um vídeo obtido pela AFP mostra uma enorme explosão e espessas colunas de fumaça subindo acima dos edifícios. Seis prédios foram completamente destruídos, segundo uma fonte próxima ao Hezbollah.

As explosões causaram enormes crateras em vários lugares, segundo o canal de televisão Al-Manar, do Hezbollah. Estes foram os ataques mais violentos nos subúrbios ao sul de Beirute desde a guerra de 2006, entre o Hezbollah e Israel. Os bombardeios causaram pânico na capital, segundo jornalistas da AFP.

Durante esta semana, o exército israelense intensificou os ataques ao país e eliminou os principais comandantes do movimento armado pró-Irã, incluindo Ibrahim Aqil, comandante da unidade de elite Al-Radwan. Na quinta-feira, Mohammed Srour, chefe da unidade de drones do Hezbollah, foi morto em outro disparo, também nos subúrbios ao sul de Beirute.

Netanyahu promete manter ataques 

Ao discursar na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, adiantou que seu país continuará a investida até que "todos" os objetivos sejam alcançados. Uma possível operação terrestre do exército israelense no país vizinho seria "a mais breve" possível, segundo informou uma alta fonte das forças de segurança israelenses, nesta sexta-feira.

Falando sob condição de anonimato a um grupo de jornalistas, a fonte explicou que Israel "se prepara todos os dias e é certo que isso [operação terrestre] faz parte das opções" que o país tem à disposição, acrescentou. A fonte garantiu que os ataques no Líbano causaram numerosas mortes de integrantes do Hezbollah e reduziram significativamente as capacidades militares do movimento.

O Hezbollah começou a disparar foguetes contra Israel há quase um ano, alegando apoio ao seu aliado, o Hamas palestino, em guerra com Israel desde o ataque lançado em 7 de outubro em solo israelense, a partir da Faixa de Gaza. O alto funcionário de segurança israelense indicou que o objetivo das atuais operações militares realizadas no Líbano por via aérea também é eliminar os líderes militares do movimento xiita e "limpar" as áreas fronteiriças do norte de Israel, para que os residentes deslocados possam voltar às suas casas.

Na segunda-feira (23), caças israelenses começaram a bombardear diariamente os redutos do Hezbollah no Líbano, causando o êxodo de cerca de 118 mil pessoas, segundo as Nações Unidas. Durante este período, mais de 700 pessoas foram mortas no Líbano, de acordo com o Ministério da Saúde libanês.

O oficial de segurança israelense refutou as acusações de que os ataques israelenses estavam matando um grande número de civis: "Não é como se eles estivessem publicando os nomes dos mortos. Muitos deles pertenciam ao Hezbollah", garantiu ele, enquanto acusava o Hezbollah de usar civis como escudos humanos.

Período mais mortal em uma geração, diz ONU

As Nações Unidas alertaram que o Líbano vive o "período mais mortal em uma geração". "As recentes escaladas no país são nada menos que catastróficas", assegurou o coordenador humanitário da ONU para o o país, Imran Riza, em uma coletiva de imprensa.

Os ataques de Israel são os mais fatais desde a última guerra entre o movimento pró-iraniano e Tel Aviv, em 2006. O confronto deixou mais de 1,2 mil mortos no Líbano, a maioria civis, e 160 em Israel, a maioria soldados.

Falando aos jornalistas em Genebra, a partir de Beirute, Imran Riza disse que "muitos temem que este seja apenas o começo" de um novo conflito. O funcionário da ONU também afirmou que o setor da saúde no Líbano "está completamente quebrado" com a imensa quantidade de vítimas dos ataques.

Com informações da AFP

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