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Brasil conquista três prêmios no Festival de Cinema Latino-Americano de Biarritz

27/09/2024 16h56

Foram entregues na noite desta sexta-feira (27), na cerimônia de encerramento na Gare du Midi, os prêmios para os ganhadores do Festival de Cinema Latino-Americano de Biarritz, na França. O longa-metragem brasileiro "Baby" conquistou o Abraço de melhor filme. "Senhoritas" levou a premiação dos moradores de Biarritz e o curta-metragem "Utopia Muda" foi recompensado com uma menção honrosa.

O festival no sudoeste da França premia novos filmes nas categorias longa-metragem, curta-metragem e documentário. O melhor filme de cada categoria recebe o Abraço, concedido por um júri formado por profissionais. Nesta 33ª edição, o prêmio principal foi para o brasileiro Baby, de Marcelo Caetano, uma coprodução entre o Brasil e a França.

Ao ser libertado de um centro de internação juvenil, o personagem Wellington se vê sozinho nas ruas de São Paulo, sem notícias dos pais ou recursos para começar uma nova vida. Ele conhece Ronaldo, um homem maduro com quem vive uma paixão conflitante. 

Segundo longa do diretor brasileiro Marcelo Caetano, Baby foi rodado principalmente no centro da cidade de São Paulo e foi descrito pelos organizadores do festival de Cannes, onde concorreu em uma mostra paralela, como "um melodrama queer e uma história de amor impossível". 

"Baby" tem muitas cenas noturnas. Nos espaços privados, a câmera está muito próxima dos atores, mas as cenas externas são rodadas de muito longe. Com essa estética, Marcelo Caetano quis documentar a vida da cidade. "É uma estratégia que a gente usou para ter a cidade viva dentro do filme, para que o filme também seja um documento dessa cidade de São Paulo", contou em entrevista à RFI em maio, durante o festival de Cannes.  

O curta metragem "Utopia Muda", de Júlio Matos, recebeu uma menção honrosa. O filme aborda a luta pela democratização da mídia no Brasil, ao contar a história da rádio Muda, emissora independente que é desafiada pelo sistema por defender a liberdade de expressão.  

O Brasil participou desta edição do festival com 10 filmes, seis em competição. Concorrendo na mostra competitiva de longas-metragens, Senhoritas recebeu o prêmio Biarritz, decidido pelos moradores da cidade. 

A velhice como uma segunda adolescência

O longa-metragem marca a primeira ficção da diretora e roteirista Mykaela Plotkin, que fez a sua estreia mundial na seção oficial do Festival de Biarritz.

Rodado nas cidades de Recife, Olinda e Cabo de Santo Agostinho, Senhoritas acompanha Lívia, uma arquiteta aposentada de 70 anos que cuida da casa e da neta. A chegada de Luci, uma amiga de juventude com uma personalidade vibrante, abala sua rotina. Com a inesperada visita, Lívia resgata sua vitalidade e confronta desejos adormecidos, embarcando em uma jornada de autodescoberta e de libertação feminina.  

"Senhoritas" oferece uma abordagem diferente do envelhecimento, trazendo temas ainda considerados tabus, como a sexualidade entre adultos maduros. Em entrevista à RFI Brasil em Biarritz, a Mikaela Plotkin essa história apresenta "a velhice não como um momento de desaceleração, muito pelo contrário, mas como um momento de renovação, de pulsão de vida, como uma segunda adolescência".  

Mikaela acrescenta que o filme é "uma carta para o seu eu do futuro". "Eu quero prometer para mim mesma que eu não vou me esquecer da minha sexualidade. É um filme que conecta muito com mulheres de todas as idades e com jovens de todas as idades, porque é uma forma de a gente se projetar e, ao mesmo tempo, enxergar que, muitas vezes, na nossa idade, a gente já está se privando e encaixando em tradicionalismos desnecessários", alerta. 

Aos 75 anos, 50 de carreira, Tânia Alves comenta sobre a personagem Luci e sobre como ela própria vive a maturidade. "Trata da libertação de uma mulher que fica adulta, que se casa, tem filhos e netos e que percebe que pode continuar a ter a sua sexualidade, que é uma coisa muito importante para a saúde, para a qualidade de vida da pessoa", destaca Tânia Alves. "Estar madura nesse momento e estar num patamar onde tem essas homenagens todas, onde as pessoas já se referem a mim como ícone, diva, e chegar até aqui viva e com força física para poder usufruir de tudo que eu plantei é uma delícia", avalia. 

O Festival Latino-Americano de Biarritz é a referência do cinema latino-americano na França. Mais de 30 mil espectadores compareceram às salas de projeção durante os sete dias de evento. 

Na edição de 2023, outro filme brasileiro, Levante, da diretora Lilla Halla, levou o prêmio Abraço de melhor longa-metragem de ficção.   

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