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Taxas de janeiro 2026 e janeiro 2027 têm alta firme em dia de avanço dos yields e fala de Campos Neto

26/09/2024 17h06

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs para janeiro de 2026 e janeiro de 2027 encerraram a quinta-feira com ganhos firmes, enquanto as taxas mais longas subiram menos, com o mercado reagindo ao avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior e a comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a alta recente de prêmios.

Na ponta curta da curva, as taxas terminaram próximas da estabilidade, com o mercado precificando de forma majoritária elevação de 50 pontos-base da Selic em novembro.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,995%, praticamente estável ante os 10,993% do ajuste anterior.

No “miolo da curva”, a taxa para janeiro de 2026 estava em 12,2%, em alta de 12 pontos-base ante o ajuste de 12,081%. O vencimento para janeiro de 2027 marcava 12,23%, também alta de 12 pontos-base, ante o ajuste de 12,108%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,3%, ante 12,252%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,24%, em alta de 4 pontos-base ante 12,2%.

No exterior, a queda inesperada dos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA deu força aos yields logo cedo, com investidores avaliando que o Federal Reserve pode não precisar cortar tanto os juros como originalmente projetado.

Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 4.000 na semana passada, para 218.000 em dado com ajuste sazonal, informou o Departamento do Trabalho. Economistas consultados pela Reuters previam 225.000 pedidos para a última semana.

O avanço dos yields no exterior impulsionou também as taxas no Brasil em toda a curva, com as máximas do dia sendo registradas perto das 10h -- meia hora depois dos dados de auxílio-desemprego.

Na ponta mais longa, porém, as taxas se reaproximaram da estabilidade e chegaram a registrar leves baixas durante a tarde.

“Tivemos uma movimentação curiosa na curva hoje, com os (juros) curtinhos caindo, a ponta intermediária subindo e os longos em queda”, comentou durante a tarde Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Segundo ele, as taxas mais longas perderam força em parte por conta de certa devolução de prêmios incorporados recentemente.

Na sexta e na segunda-feira, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) com prazos mais longos tiveram altas firmes, com o mercado incorporando mais prêmios à curva em meio às dúvidas sobre a capacidade do governo Lula em equilibrar as contas públicas.

Na terça-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou que houve um “exagero” na curva.

Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, em São Paulo, ele disse que a alta de prêmios pode ser explicada pela percepção de menor transparência fiscal por parte do governo, mas que a situação do Brasil não é tão ruim na comparação com outros países.

Questionado sobre se o "exagero" já havia sido retirado da curva nos últimos dias, Campos Neto limitou-se a explicar sua visão sobre o movimento.

"O que eu comentei é que a gente teve uma percepção de que o mercado parecia incomodado com a transparência fiscal, o que gerou aversão a risco", disse. "Aquele aumento de prêmios pode ser explicado por percepção de menor transparência fiscal", reiterou Campos Neto, acrescentando que a situação comparada a de outros países não era "tão ruim".

Até o fechamento as taxas longas recuperaram um pouco de fôlego, enquanto o miolo da curva intensificou o avanço.

Pela manhã, o BC já havia divulgado seu Relatório de Inflação, com as projeções para os principais indicadores econômicos. No documento, o BC melhorou sua projeção de crescimento econômico em 2024, de 2,3% para 3,2%. No entanto, informou que espera um menor ritmo de crescimento na segunda metade de 2024 e ao longo de 2025, ano para o qual a autarquia projeta um crescimento de 2,0%.

“A mensagem deste relatório é muito clara: o Brasil está aquecendo, e isso preocupa”, resumiu o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, em mensagem enviada a clientes. “A questão é como pilotar este processo para que ele continue, para que ele seja sustentável... para que a inflação não acelere demais”, acrescentou.

Na curva, as apostas de que o BC subirá a Selic em 50 pontos-base em novembro caíram um pouco. No fechamento a curva brasileira precificava 72% de probabilidade de o BC subir a Selic em 50 pontos-base em novembro, contra 28% de chance de nova elevação de 25 pontos-base. Na véspera os percentuais eram de 77% e 23%, respectivamente.

Às 16h45, o rendimento do Treasury de dois anos--que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo-- tinha alta de 7 pontos-base, a 3,625%. Já o retorno do título de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 2 pontos-base, a 3,796%.

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