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Putin anuncia revisão da doutrina nuclear da Rússia antes da visita de Zelensky a Washington

26/09/2024 08h54

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou na quarta-feira (25) que uma revisão da doutrina de armas nucleares de seu país havia sido proposta, ameaçando países ocidentais que apoiam a Ucrânia. O anúncio ocorre pouco antes da reunião do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky com Joe Biden, na Casa Branca, nesta quinta-feira (26). Kiev tenta convencer seus aliados a permitirem a utilização de mísseis de longo alcance contra o território russo.

"Propomos considerar uma agressão contra a Rússia por um país não nuclear, mas com a participação ou apoio de um país nuclear, como um ataque conjunto contra a Federação Russa", declarou Vladimir Putin durante uma reunião transmitida pela televisão com membros do Conselho de Segurança da Rússia.

O presidente russo parece se referir à Ucrânia e seus aliados ocidentais que fornecem armas e financiamento a Kiev que, por sua vez, está buscando autorização para usar mísseis de longo alcance contra a Rússia. Vladimir Putin alertou em setembro que esta decisão significaria que "os países da Otan estão em guerra com a Rússia".

O presidente russo alertou nesta quarta-feira (25), que seu país poderá recorrer a armas nucleares em caso de "lançamento massivo" de aviões, mísseis ou drones contra o seu território. "Consideraremos esta possibilidade se recebermos informações confiáveis ??sobre o lançamento massivo de meios de ataque aeroespaciais e sua travessia da fronteira do nosso Estado", alertou.

Vladimir Putin garantiu que a Rússia sempre teve "uma abordagem muito responsável sobre estas questões". No entanto, "vemos que a atual situação militar e política evolui de forma muito dinâmica e devemos levar isso em conta", acrescentou. "Isto inclui o surgimento de novas fontes de ameaças e riscos militares para a Rússia e seus aliados", afirmou o chefe de Estado russo.

Desde o início do conflito na Ucrânia, em fevereiro de 2022, Vladimir Putin tem insistido sobre o possível uso de armas nucleares. A doutrina nuclear russa prevê uma utilização "estritamente defensiva" de armas atômicas, em caso de ataque à Rússia com armas de destruição massiva ou em caso de agressão com armas convencionais "ameaçando a própria existência do Estado".

A Rússia implantou armas nucleares táticas em 2023 em Belarus, seu aliado mais próximo, que também anunciou em maio passado um exercício coordenado com Moscou para verificar seus lançadores de armas nucleares táticas.

Visita em contexto eleitoral

Volodymyr Zelensky será recebido por Joe Biden e Kamala Harris na quinta-feira, em meio a críticas agressivas de Donald Trump ao presidente ucraniano. Em um contexto eleitoral, a guerra na Ucrânia volta a entrar na campanha presidencial americana. Segundo o ex-presidente americano, se nega a negociar com a Rússia, ao mesmo tempo que recebe ajudas bilionárias dos Estados Unidos.

Zelensky encontrará Biden e a vice-presidente e candidata à Casa Branca, um dia depois do anúncio feito por Washington do envio de U$ 375 milhões em ajuda militar à Ucrânia.

O governo americano ainda deve anunciar mais assistência a Kiev. Joe Biden, durante uma breve reunião com Volodymyr Zelensky na quarta-feira, à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York, prometeu aumentar o fluxo de financiamento americano para "ajudar a Ucrânia a vencer". Os detalhes da promessa devem ser divulgados nesta quinta-feira.

O presidente ucraniano, por sua vez, apresentará a Washington seu "plano de vitória" que visa pôr fim à invasão russa iniciada em 24 de fevereiro de 2022.

O chefe de Estado deve também, mais uma vez, fazer um apelo ao Ocidente para permitir que o Exército ucraniano ataque intensamente o território russo, usando armas de longo alcance fornecidas pelos países aliados. Os Estados Unidos, o principal fornecedor de armas da Ucrânia, até agora se posicionou contra esta possibilidade.

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