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Presidente eleita do México deflagra crise diplomática ao não convidar rei da Espanha para posse

26/09/2024 13h53

A relação diplomática entre a Espanha e o México está em crise, a cinco dias da posse da próxima presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, para a qual o rei da Espanha, Felipe VI, não foi propositalmente convidado. A futura chefe de Estado alega que ele "nunca reconheceu publicamente os prejuízos causados durante o período colonial". 

Em "sinal de protesto" contra essa "exclusão" "inexplicável" e "inaceitável", a Espanha boicotou a cerimônia, que marca a chegada ao poder da primeira mulher presidente da história do México.

"A Espanha e o México são nações irmãs. Portanto, consideramos absolutamente inaceitável que a presença de nosso chefe de Estado seja excluída", declarou o primeiro-ministro Pedro Sanchez, na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, na quarta-feira (25).

O rei espanhol Felipe VI participou de "todas as cerimônias de posse" na América Latina "como príncipe e também desde que se tornou rei e chefe de Estado", em 2014, acrescentou Sanchez.

O próprio chefe do governo social-democrata espanhol, Pedro Sanchez, foi convidado em julho para a cerimônia de investidura, explicou a presidente eleita do México, Claudia Sheinbaum, na quarta-feira. Mas não o rei da Espanha, porque ele se recusa a reconhecer os "danos" causados pela colonização de cinco séculos atrás, disse ela em comunicado à imprensa.

A presidente eleita lembrou que o rei da Espanha nunca respondeu a uma carta do atual presidente mexicano, Andrés Manuel Lopez Obrador, enviada em 2019. O chefe de Estado, de esquerda, propôs que ele reconhecesse "pública e oficialmente" os "danos" causados pela colonização espanhola (1521-1821).

"Infelizmente, essa carta nunca foi respondida diretamente, como deveria ser a melhor prática nas relações bilaterais", acrescentou Sheinbaum, que, assim como o presidente, pertence ao partido de esquerda Morena. Há uma semana, o México publicou a lista de convidados para a cerimônia de posse em 1º de outubro, na Cidade do México.

Lula e Jill Biden na lista

O rei da Espanha, Felipe VI, não consta da lista de convidados divulgada, que inclui os principais líderes da esquerda latino-americana, a começar pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e a primeira-dama dos Estados Unidos, Jill Biden.

Sanchez expressou sua "enorme frustração", especialmente porque o México é administrado por "governos progressistas". "Nós também somos um governo progressista e parece que não conseguimos normalizar nossas relações políticas", lamentou. Em sua declaração, Sheinbaum disse que havia conversado com Sanchez havia dois dias.

A Espanha e o México estão unidos por profundos laços históricos, humanos, econômicos e culturais. Milhares de empresas espanholas operam no país latino-americano, a começar pelos bancos BBVA e Santander, dois dos líderes do mercado local. No início deste ano, o México comprou 13 usinas elétricas da gigante espanhola de energia Iberdrola por US$ 6,2 bilhões.

Rei espanhol se recusa a homenagear espada de Bolívar

Durante seu mandato, o presidente mexicano Andrés Manuel Lopez Obrador declarou duas vezes uma "pausa" na relação com a Espanha. Em uma carta de 2019, ele propôs "que os dois países chegassem a um acordo e escrevessem uma narrativa pública e compartilhada de sua história comum", lembrou Sheinbaum em sua declaração.

O rei Felipe VI participou de cerca de 80 cerimônias de investidura na América Latina, de acordo com o site do jornal El País. Mas em 2022, na Colômbia, durante a posse do presidente de esquerda Gustavo Petro, observadores criticaram o monarca espanhol por ter permanecido sentado durante a passagem da espada de Simon Bolívar, um dos heróis da independência das colônias espanholas na América Latina no início do século XIX. Os outros convidados se levantaram.

(Com AFP)

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