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Prefeito de Nova York é acusado de receber suborno turco e esquema de fraude

26/09/2024 08h56

(Corrige título para esclarecer que suborno foi turco e não na Turquia)

Por Luc Cohen

NOVA YORK (Reuters) - Promotores acusaram nesta quinta-feira o prefeito de Nova York, Eric Adams, de aceitar contribuições ilegais para a campanha e viagens de luxo de cidadãos turcos que buscavam influenciá-lo, concluindo uma investigação que deixou o governo da maior cidade dos EUA em polvorosa.

Em um indiciamento de 57 páginas, os promotores apresentaram um suposto esquema que remonta a 2014 e que ajudou a sustentar a campanha de Adams para prefeito em 2021 e o presenteou com quartos gratuitos em hotéis opulentos e refeições em restaurantes de luxo.

Em troca, Adams pressionou as autoridades da cidade a permitir a abertura do novo consulado de 36 andares do país, apesar das preocupações com a segurança, segundo os promotores. O democrata enfrenta cinco acusações criminais, incluindo conspiração para cometer fraude eletrônica.

Adams, de 64 anos, negou ter cometido irregularidades e disse que lutaria contra as acusações no tribunal. Ele disse que não deixará o cargo.

"Continuarei a fazer meu trabalho como prefeito", disse ele em uma coletiva de imprensa, onde alguns espectadores pediram que ele renunciasse.

O Ministério das Relações Exteriores da Turquia, o gabinete do presidente e sua embaixada em Washington não fizeram comentários imediatos.

Mais cedo, agentes federais fizeram uma busca na residência do prefeito na Gracie Mansion, no Upper East Side de Manhattan, de acordo com uma testemunha da Reuters. Cerca de uma dúzia de pessoas em trajes de negócios foram vistas andando no terreno da mansão com pastas e sacolas.

Adams, um ex-policial que chegou ao posto de capitão, é o primeiro dos 110 prefeitos da cidade a ser acusado criminalmente durante o mandato.

Ele poderia ser destituído do cargo pela governadora democrata de Nova York, Kathy Hochul, mas o processo é complicado, disse o professor da Faculdade de Direito da Universidade Pace, Bennett Gershman.

De acordo com o indiciamento, Adams aceitou viagens gratuitas de uma companhia aérea turca no valor de dezenas de milhares de dólares enquanto atuava como presidente da divisão administrativa do Brooklyn e pagou 600 dólares para ficar duas noites em uma suíte de luxo no hotel St. Regis em Istambul, bem abaixo do custo real de 7.000 dólares.

Para sua campanha para prefeito em 2021, Adams disfarçou as contribuições de campanha de fontes turcas, canalizando-as por meio de cidadãos norte-americanos, segundo o indiciamento. Esses fundos permitiram que Adams se qualificasse para um adicional de 10 milhões de dólares em financiamento público.

"Esse foi um esquema de vários anos para comprar favores de um único político da cidade de Nova York em ascensão", disse Damian Williams, o principal promotor federal em Manhattan, em uma coletiva de imprensa.

Os promotores dizem que Adams atendeu às preocupações turcas.

Atendendo a uma solicitação de um diplomata turco, Adams pressionou os inspetores de segurança da cidade para permitir que o novo consulado de 36 andares do país fosse aberto a tempo para uma visita do presidente turco, Tayyip Erdogan, em setembro de 2021, embora não tivesse sido aprovado em uma inspeção de incêndio, segundo o indiciamento.

"Você é um verdadeiro amigo da Turquia", teria respondido o diplomata.

O prefeito prestou outros favores, segundo o indiciamento.

Adams disse que estava buscando um julgamento público para se defender. "Se forem doadores estrangeiros, eu sei que não aceito dinheiro de doadores estrangeiros", disse ele.

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