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Pragmatismo feminino ameaça Marçal; 53% das mulheres rejeitam o ex-coach

O candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) no debate do Flow Imagem: Reprodução/Flow

Do UOL, em São Paulo

26/09/2024 12h07

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Há uma leitura machista — e equivocada — de que mulheres se guiam por emoções mais do que homens na tomada de decisões. Mas essa premissa não para em pé, especialmente numa eleição. Quem subestima hoje no Brasil a consciência feminina está sentindo o revés imediato. Que o diga o empresário Tallis Gomes, que precisou se afastar da empresa que fundou, a G4, após fala infeliz em que desmereceu mulheres CEOs.

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Recebeu uma resposta pública e atravessada de ninguém menos que Luiza Trajano, presidente de uma das empresas mais vibrantes do Brasil, a Magazine Luiza, case de estudo no exterior.

Elas são muito diretas e pragmáticas sobre o que esperam do futuro prefeito: se haverá creche, transporte, ou escolas. Em grupos de pesquisa com eleitores, os homens têm mostrado respostas genéricas para suas escolhas, como "fulano é patrocinado por George Soros, então não voto".

Na corrida eleitoral, o candidato Pablo Marçal (PRTB) sente o baque da sua estratégia corrosiva de ataque abaixo da cintura dos adversários. Se agrada à torcida masculina, que compõe a maioria de seus eleitores, ela tem funcionado como um bumerangue para as eleitoras. A rejeição a ele, que estava em 47% segundo o Datafolha da semana passada, cresce para 53% quando se analisa apenas a leitura das mulheres. São oito pontos porcentuais a mais do que na semana anterior. As mulheres é que vão decidir se Marçal vai para o segundo turno, avisam os especialistas em pesquisa ouvidos pela Radar das Eleições.

Marçal também pode sentir o peso da justiça através de outra mulher, a ministra Cármen Lúcia, que preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ela deu um recado duro na terça (24), um dia após o fatídico debate do Flow News, quando um soco do assessor de Marçal atingiu o marqueteiro do prefeito Ricardo Nunes (MDB). "Violência praticada no ambiente da política desrespeita não apenas o agredido, se não ofende toda a sociedade e a própria democracia", disse a ministra. "Atenta-se contra cidadãs e cidadãos, atacam-se pessoas e instituições e, na mais subalterna e incivil descompostura, impõe-se às pessoas honradas do país que querem apenas entender as propostas que os candidatos oferecem para a sua cidade, sejam elas obrigadas a assistir cenas abjetas e criminosas que rebaixam a política a cenas de pugilato, desrazão e notícias de crimes", completou.

É ela também quem vai julgar os recursos que estão na Justiça Eleitoral que podem colocar em risco a candidatura do ex-coach — mesmo que ele passe para o segundo turno e chegue a ser eleito.

As mulheres continuam em minoria na política. Mas têm o poder de mudar o rumo da prosa, como na troca de comando do Ministério dos Direitos Humanos. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foi parte decisiva para a queda do ministro Silvio Almeida, após a acusação de assédio sexual. Anielle esteve em Nova York nessa terça (24) para a abertura da 79ª Assembleia da ONU. Sua presença é esperada na posse de Macaé Evaristo, nova titular de Direitos Humanos, nesta sexta (27).

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