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Netanyahu não confirma cessar-fogo entre Israel e Hezbollah e ordena Exército a continuar combate no Líbano

26/09/2024 07h12

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou nesta quinta-feira (26) que o Exército vai continuar seu combate contra o Hezbollah no Líbano "com toda a força necessária". O governo israelense disse que não deu resposta ao pedido da França e dos Estados Unidos feito na quarta-feira (25) por um cessar-fogo de 21 dias ao longo da fronteira entre os dois países, temendo uma escalada regional.

Henry Galsky, correspondente da RFI em Israel

Após o pedido de cessar-fogo, a mídia israelense afirmou que altos funcionários dos Estados Unidos tinham avaliado que a trégua entre Israel e o Hezbollah poderia entrar em vigor já "nas próximas horas". Uma fonte citada pelo jornal Israel Hayom considerou que Israel não teria interesse em "confrontar" os Estados Unidos e deveria aceitar a proposta.

Diante das repercussões, o gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, emitiu uma declaração oficial negando os relatos.

"As notícias sobre um cessar-fogo estão incorretas. Esta é uma proposta dos Estados Unidos e da França que ainda sequer foi respondida pelo primeiro-ministro. As notícias sobre supostas diretrizes de moderação nos combates no norte tampouco correspondem à verdade", diz o comunicado.

"O primeiro-ministro instruiu o Exército a continuar os combates com força total e de acordo com os planos que lhe foram apresentados. Além disso, os combates em Gaza vão continuar até que todos os objetivos da guerra sejam alcançados", insistiu.

França e Estados Unidos são os países que lideram as negociações para o cessar-fogo e que mais têm pressionado Hezbollah e Israel em busca de soluções emergenciais para interromper a fase mais intensa dos confrontos. Os dois países, juntamente a seus aliados, fizeram um apelo na quarta-feira, às margens da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, para um "cessar-fogo imediato" para que fosse dada "uma oportunidade à diplomacia".

"É hora de chegar a um acordo na fronteira israelo-libanesa que garanta a segurança e permita que os civis voltem às suas casas", escreveram os presidentes francês e americano, Emmanuel Macron e Joe Biden, no pedido de trégua.

O documento é apoiado por União Europeia, Austrália, Canadá, Alemanha, Itália, Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar.

Joe Biden, cujo país é o principal aliado de Israel, voltou a alertar para o risco de uma "guerra generalizada" no Oriente Médio.

Novos ataques e mortes

De acordo com o Exército israelense nesta quinta-feira, seus ataques aéreos durante a noite atingiram cerca de 75 alvos do Hezbollah no Vale do Bekaa e no sul do Líbano, incluindo instalações de armazenamento de armas e lançadores prontos para disparar.

A agência de notícias ANI descreveu "a noite mais violenta da agressão israelense" na região de Baalbeck, no leste do Líbano, um dos redutos do Hezbollah, bem como o sul do Líbano.

Na quarta-feira, o chefe do Estado-Maior do exército israelense, general Herzi Halevi, pediu aos soldados que se preparassem para uma possível ofensiva terrestre, despertando no Líbano a memória da última guerra de Israel contra o Hezbollah, em 2006.

Desde segunda-feira (23), os ataques israelenses deixaram mais de 600 mortos no Líbano, incluindo muitos civis, enquanto o movimento islâmico libanês, apoiado pelo Irã, aumentou o lançamento de foguetes em direção ao norte de Israel e visou pela primeira vez com um míssil Tel Aviv, no centro do país.

Os bombardeios levaram mais de 90 mil pessoas a fugir de suas casas, segundo a ONU, para Beirute ou para a Síria. Na quarta-feira, mais de 70 pessoas morreram e quase 400 ficaram feridas, segundo as autoridades libanesas.

(RFI e AFP)

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