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Haifa, no norte de Israel, se adapta aos disparos diários do Hezbollah libanês

26/09/2024 11h20

Enquanto os ataques israelenses continuam no Líbano, Haifa, a maior cidade do norte de Israel, com 320 mil habitantes, já foi alvo de vários disparos do Hezbollah desde domingo. As autoridades locais e os residentes estão em alerta.

Do enviado especial da RFI a Haifa, David Baché

O centro de gestão de emergências do município de Haifa não está mais localizado na Câmara Municipal, mas a algumas centenas de metros de distância, em escritórios protegidos no subsolo. É para lá que todos os serviços municipais, num total de 200 pessoas, foram transferidos desde 22 de setembro. No dia seguinte, foi declarado estado de emergência no norte de Israel , e as escolas de Haifa fecharam as portas.

As aulas são ministradas à distância, por computador. Haifa fica a apenas 40 km da fronteira com o Líbano.

Uma sala de monitoramento com inúmeras telas foi instalada no Centro de Gerenciamento de Emergências da prefeitura, onde chegam os alertas de bombardeios enviados pelo exército. O comando de "defesa passiva", ramo do exército responsável pela proteção das populações civis, tem um representante permanente, assim como os diversos serviços de emergência, ambulâncias e bombeiros.

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No local, também fica o call center que os moradores podem contatar para obter informações, incluindo a localização dos abrigos públicos espalhados pela cidade, nos quais é possível se refugiar quando soam as sirenes de alarme. Os abrigos, projetados em concreto armado e, quase sempre, subterrâneos, podem acomodar entre 50 e 100 pessoas. Os refúgios têm luz e estão equipados com geladeira e internet.

Um minuto para se abrigar

O "Iron Dome", sistema antimíssil do exército israelense, intercepta a maioria dos projéteis, mas em caso de falha, é preciso buscar rápido um abrigo. "O que dizemos aos moradores é que em caso de alarme, eles têm um minuto para irem para uma sala protegida, em casa ou em um abrigo público", sublinha Leonid Reznik, chefe do centro de gestão de emergências da Câmara Municipal de Haifa. "Um minuto é o tempo entre a detecção do míssil e a sua possível queda sobre a cidade."

As sirenes soaram diversas vezes nos últimos dias em Haifa. Os mísseis foram destruídos em pleno voo, sem causar vítimas, mas caíram destroços em certos bairros. O risco é permanente. "Estávamos à beira-mar com meu amigo quando de repente ouvimos as sirenes", conta Talia, uma dançarina de cerca de 20 anos. "Vimos relâmpagos no céu, vimos os projéteis sendo interceptados, helicópteros do exército decolaram. Entramos em pânico e, como não havia abrigo antiaéreo por perto, nos deitamos no chão. É muito assustador."

Alguns moradores se recusam a entrar em pânico e nem sequer tentam descobrir onde ficam os abrigos. Outros não escondem o medo e se preparam para uma situação ainda pior, estocando alimentos ou equipando o cômodo protegido que têm em casa.

É o caso de Olga Olgoumar, que tem uma mercearia no centro da cidade. "Estamos preparados. Há um abrigo no nosso prédio, com água e papéis para toda a família", indica. "Ontem, quando ouvimos as sirenes, pegamos imediatamente as crianças, o cachorro, e descemos. Assim que a porta se fechou, ouvimos o 'bum'. Fiquei com muito medo."

Ataques visam responsável por drones do Hezbollah

O exército israelense anunciou, em 25 de setembro, que estava "se preparando para uma manobra terrestre" no Líbano, sem dar mais detalhes. Nesta quinta-feira, ataques nos subúrbios ao sul de Beirute tiveram como alvo o chefe da unidade de drones do Hezbollah, disse uma fonte próxima ao movimento pró-iraniano, sem especificar se ele foi morto ou ferido. Israel disse ter realizado "ataques precisos em Beirute", sem mais detalhes.

Entre os residentes reunidos em Haifa, muitos apoiam operações militares como esta, consideradas "necessárias" para a segurança do país. Os defensores da força explicam não ver outra opção.

Outros dizem que estão tristes com o número de vítimas no Líbano, com a nova ofensiva lançada há uma semana pelas forças israelense e com a guerra em Gaza, que já dura quase um ano - mas não esquecem os ataques do Hamas, que deixaram o país de luto em 7 de outubro de 2024."Não sei se isso trará paz ao norte, nem se permitirá que os deslocados voltem para casa", explica Talia. "Mas fico muito triste quando penso em todas as vítimas lá no Líbano, nas vítimas também em Gaza. O mais triste é que não sei se os nossos próprios dirigentes sabem para onde vão, se sabem como sair desta crise."

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