Após protesto de motoristas de ônibus, Peru lança ofensiva contra o crime em Lima
Por Marco Aquino
LIMA (Reuters) - O governo do Peru declarou nesta quinta-feira estado de emergência por 60 dias em vários bairros da capital Lima, em iniciativa para combater o aumento do crime, afirmou o primeiro-ministro do país, em um momento no qual motoristas de ônibus cruzaram os braços para exigir maior segurança após uma série de extorsões, de acordo com líderes de classe.
O primeiro-ministro, Gustavo Adrianzén, anunciou em coletiva de imprensa o estado de emergência para 12 bairros da região metropolitana de Lima e na cidade vizinha de Callao. A medida dá às Forças Armadas a autorização de ir às ruas para ajudar a polícia a manter a segurança na cidade.
O protesto dos motoristas deixou milhares de pessoas paradas nos pontos de ônibus. O governo suspendeu as aulas presenciais na região metropolitana de Lima, pediu que as empresas priorizem o trabalho remoto e deem uma tolerância de quatro horas para o início do expediente de seus funcionários. "Estamos parando pela segurança e também pela falta de empatia do governo após esta onda de extorsões que estamos sofrendo", afirmou Héctor Vargas, presidente da Coordenadoria de Transportes Urbanos de Lima e Callao, uma das entidades que protesta e que congrega 63 companhias do setor. Um motorista de ônibus foi assassinado no domingo após se negar a pagar uma "cota" a uma gangue de Lima, subindo para quatro o número de motoristas mortos desde o fim de agosto. No ataque de domingo, um passageiro também ficou ferido, de acordo com a polícia.
O órgão estatístico do Peru divulgou um estudo em agosto mostrando que quase 28% da população urbana do país com 15 anos ou mais foi vítima de um crime entre janeiro e junho desde ano, um aumento de 0,6 ponto percentual em relação a 2023. O governo da presidente Dina Boluarte anunciou nesta semana a criação de uma unidade especial da polícia para enfrentar a "onda" de extorsões às empresas de transporte, e afirmou que criará um número telefônico para que cidadãos façam denúncias anônimas. "Está horrível tudo isso", disse Sheyla Sánchez, uma jovem que aguardava um ônibus para ir ao trabalho.
"É a única maneira de exigir que o Estado peruano ponha limites nisso. Cada dia piora mais e aumenta a insegurança." (Reportagem de Marco Aquino e Carlos Valdéz da Reuters TV)
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