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Por que carro a combustão vai se tornar item de luxo restrito a milionários

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Imagem: Divulgação
do UOL

Wandick Donett

Colaboração para o UOL

25/09/2024 08h00

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A indústria automobilística está em um ponto histórico, com a balança pendendo cada vez mais para o lado dos veículos elétricos.

Governos ao redor do mundo estão apertando o cerco sobre os carros a combustão, impondo legislações mais rígidas que visam uma redução significativa na produção e, eventualmente, parar completamente de fabricar veículos movidos a gasolina e diesel.

Este movimento legislativo está pavimentando o caminho para uma era onde os carros a combustão se tornarão itens de luxo, acessíveis apenas às camadas mais ricas da sociedade, enquanto a maioria dos consumidores se voltará para os veículos elétricos, mais limpos e eficientes.

Na avaliação de especialistas, carro à combustão no futuro vai ser restrito às pessoas ricas e mais
abastadas, principalmente os mais potentes e poluentes.

Podem virar produto de colecionador, além de símbolos de status e prazer para entusiastas e abastados. Enquanto isso, espera-se que, no futuro, a vasta maioria da população utilize apenas veículos elétricos, deixando os motores roncantes como uma experiência exclusiva para poucos.

Cerco ao petróleo

A Europa, líder em políticas ambientais, estabeleceu metas ambiciosas para banir a produção de novos carros a combustão até 2035 - especialmente aqueles abastecidos com combustíveis derivados do petróleo.

Essa decisão marca um ponto de virada significativo, sinalizando um futuro onde os carros elétricos predominarão nas estradas.

"Embora a transição completa possa levar tempo, o progresso na eletrificação dos veículos é inegável, impulsionado por regulamentações rigorosas sobre emissões e descarbonização", avalia Ricardo Bastos, presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico).

"Estamos vendo cada vez mais veículos eletrificados à venda, essa é a tendência, já que a eletrificação chega para resolver essa questão ambiental, com veículos com menos emissões de poluentes, até desaparecer o escapamento. Esse é o caminho, tendência que o automóvel a combustão vire um carro de nicho e até de colecionadores daqui a alguns anos para a frente", complementa o executivo.

O consultor automotivo Ricardo Bacellar destaca que alguns países firmaram um pacto de referência para que a meta de eletrificação total seja cumprida até 2035, mas essa data vem sendo questionada pelas montadoras, apesar da pressão legislativa dos governantes, por causa dos custos envolvidos tanto para a produção dos carros elétricos quanto para o gasto necessário para o consumidor adquirir esses automóveis - mais caros, por causa das respectivas baterias.

De fato, as fabricantes de veículos estão revendo seus investimentos em eletrificação, principalmente por causa das vendas aquém do projetado há alguns anos desse tipo de mobilidade.

"Não acredito que tenhamos em 2035 essa virada de maior produção global de elétricos do que a combustão, nem em 2040, somente lá para 2050 isso poderá ocorrer. A frota global hoje é de 1,5 bilhão de veículos, com países vivendo realidades completamente diferentes e muitas dificuldades de cumprir metas de descarbonização como na Europa, por exemplo".

Bacellar acrescenta que o consumidor irá ditar quando, de fato, haverá a "mudança de chave".

"A balança vai se inverter pela pressão do mercado de consumo, porque o consumidor é o verdadeiro patrão".

Rota 2030

O especialista automotivo Milad Kalume afirma que "mundialmente as empresas estão repensando o uso dos veículos puramente elétricos, mas isto não significa dizer que isto não irá acontecer".

"O que acontecerá será uma prorrogação dos prazos previamente estabelecidos. De igual forma, não podemos pensar em apenas elétricos como a única opção. Os elétricos passam por um reestudo. Não somente no Brasil, mas em diversos outros mercados, observamos uma restrição relativa às missões de poluentes. Alguns países já declararam que o motor a combustão será banido, mas penso que os prazos deverão ser repensados".

O Rota 2030 é um programa estratégico do governo federal brasileiro, criado para impulsionar o desenvolvimento do setor automotivo no país.

O iniciativa, que já está em vigência, sucedeu o Inovar-Auto e introduziu um conjunto de políticas voltadas para inovação, competitividade, eficiência energética, segurança veicular e sustentabilidade ambiental.

O Rota 2030 estabelece regras de mercado e um regime tributário especial para a importação de autopeças sem produção nacional equivalente, alinhando-os com as tendências globais e as demandas por veículos mais limpos e seguros.

Créditos de carbono

Marcas de prestígio como Ferrari e Lamborghini, cujos produtos são muito potentes e poluentes, enfrentam o desafio de manter sua relevância em um mercado que se afasta dos combustíveis fósseis.

Uma estratégia adotada por algumas montadoras para permanecerem ativas é a compensação de créditos de carbono, um sistema que permite às empresas investir em projetos ambientais ou tecnologias limpas para compensar suas emissões de gases de efeito estufa.

"Se pensarmos que em termos de carro de luxo, a Ferrari produz anualmente 6 mil unidades e sobrevive porque tem uma margem de lucro altíssima. Então, podemos pensar que cada vez produzirão menos unidades a combustão e estas, consequentemente, serão ainda mais caras do que hoje em dia. Até a Ferrari, assim como Lamborghini, Porsche e outras marcas do gênero, sabem que precisam entregar produto elétrico, porque a transferência de performance de um elétrico para um a combustão ganha de goleada, sem emissões", complementa Ricardo Bacellar.

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