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Migrante em situação ilegal na França é preso suspeito de matar estudante de 19 anos em parque de Paris

25/09/2024 11h26

O assassinato de uma estudante de 19 anos em pleno dia no Bois de Boulogne, parque da nobre zona oeste de Paris, relança a controversa situação de migrantes em situação ilegal na França. Um marroquino de 22 anos foi preso em Genebra, na Suíça, nesta terça-feira (24), suspeito de ser o principal acusado do crime, ocorrido na última sexta-feira (20).

A jovem assassinada, Philippine, cursava o terceiro ano de Economia e Engenharia Financeira na prestigiosa universidade Paris-Dauphine. A última vez que ela foi vista pelos colegas foi no bandejão da faculdade, na hora do almoço. Depois de comer, Philippine tinha o hábito de dar uma volta no parque, na vizinhança da universidade, antes de voltar para seu apartamento, também nas redondezas. 

Após passar algumas horas sem notícias, a irmã da estudante comunicou seu desaparecimento à polícia ainda na sexta-feira. O corpo de Philippine foi encontrado parcialmente enterrado numa área do parque, na manhã de sábado (21), por membros da família e amigos que organizaram buscas guiados por dados de geolocalização do celular da estudante.  

Na noite de sexta-feira, a polícia havia descoberto que o cartão bancário da vítima tinha sido usado em um caixa eletrônico de Saint-Denis, subúrbio ao norte de Paris. O exame das imagens feitas pelas câmeras de segurança do parque e do caixa eletrônico, associado ao testemunho de uma pessoa que relatou ter visto um homem no parque, no sábado, andando com uma picareta na mão, colocou a polícia na pista do suspeito. Outro detalhe foi útil para os investigadores: o homem com a picareta na mão usava rabo-de-cavalo. 

A Procuradoria de Paris confirmou que o homem de origem marroquina estava em situação ilegal na França. 

Condenado por estupro

A emissora BFM TV identificou o suspeito pelo nome de Taha O., o marroquino chegou à França proveniente da Espanha em 2019, com um visto de turismo. Na época, ele tinha 17 anos. Pouco tempo depois, o migrante, ainda menor de idade, estuprou uma estudante de 23 anos num bosque de Taverny, ao norte da capital. Ele foi julgado por este crime e condenado a sete anos de prisão. Depois de cumprir cerca de cinco anos da pena, ele foi transferido em junho de 2024 para um centro de retenção de migrantes, enquanto aguardava sua expulsão para o Marrocos

No entanto, em 3 de setembro, o marroquino de 22 anos recebeu autorização judicial para deixar o centro de retenção de migrantes, apesar de já estar com sua expulsão determinada pela polícia. Ele deveria aguardar a emissão do laisser passer, o documento que substitui um passaporte, num local determinado pelo juiz e comparecer à delegacia regularmente. O documento para o repatriamento foi concedido pelo governo marroquino no dia 6 de setembro, mas quando a polícia foi ao endereço onde ele deveria estar hospedado, os policiais descobriram que ele tinha sumido. E no dia 20 de setembro, ele é suspeito de ter matado a jovem estudante no parque parisiense.

Um laudo da autópsia revela que Philippine morreu por asfixia. Outros exames estão em curso. A polícia é discreta quanto a eventuais abusos cometidos contra a jovem. Mas o suspeito estava inscrito no cadastro nacional de autores de infrações sexuais e violentas.

Falhas na cadeia judicial

O caso provoca uma nova onda de comoção na França. O novo ministro do Interior francês, Bruno Retailleau, um político de direita linha dura, prometeu nesta quarta-feira melhorias no arsenal jurídico depois da prisão do suspeito, encontrado na Suíça. Em um comunicado, Retalilleau lamentou um crime "abominável".

Vários políticos, tanto de direita quanto de esquerda, questionam as falhas na cadeia penal e administrativa francesa que permitiram que esse migrante, com um passado judicial pesado, tenha ficado sem uma supervisão policial mais estreita, enquanto aguardava sua deportação.

O marroquino deve ser transferido para a França nos próximos dias. Segundo fontes policiais, um exame de DNA no migrante será suficiente para confirmar seu envolvimento no crime. 

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