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Israel envia dezenas de corpos para Gaza; palestinos exigem detalhes antes de enterrá-los

Grupo de mulheres chora antes de funeral de homem morto na Faixa de Gaza [Imagem ilustrativa] - REUTERS/Ramadan Abed
Grupo de mulheres chora antes de funeral de homem morto na Faixa de Gaza [Imagem ilustrativa] Imagem: REUTERS/Ramadan Abed

Nidal al;Mughrabi;

25/09/2024 10h16

Israel devolveu na quarta-feira os corpos de 88 palestinos mortos em sua ofensiva militar na Faixa de Gaza, que o Ministério da Saúde do território se recusou a enterrar antes que Israel divulgasse detalhes sobre quem são e onde os matou.

Os corpos foram levados para Gaza em um contêiner carregado em um caminhão através de uma passagem controlada por Israel, mas, de acordo com as autoridades palestinas, não foram fornecidas informações sobre os nomes ou idades das vítimas ou os locais onde morreram.

As autoridades de saúde do Hospital Nasser, em Khan Younis, recusaram-se a recebê-las e enterrá-las, pedindo ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) que buscasse detalhes com Israel.

"O Ministério da Saúde suspendeu os procedimentos para receber o contêiner (que transportava os corpos) até a conclusão dos dados completos e das informações sobre esses corpos para que seus parentes possam identificá-los", disse o ministério em um comunicado.

O chefe do escritório de mídia do governo de Gaza, administrado pelo Hamas, declarou que as autoridades do Ministério da Saúde disseram ao motorista do caminhão para levar os corpos dos palestinos mortos de volta à passagem israelense de onde ele havia chegado. O caminhão então deixou o hospital.

"Eles precisam agir de acordo com a lei humanitária internacional e de uma forma que preserve a dignidade dos mártires e de suas famílias", afirmou Ismail Al-Thawabta à Reuters.

A Cruz Vermelha disse que não estava envolvida no processo de transferência.

"Reiteramos que todas as famílias têm o direito de receber notícias sobre seus entes queridos e enterrá-los respeitosamente e de acordo com suas tradições", informou um comunicado emitido pelo CICV.

De acordo com o Direito Internacional Humanitário, as pessoas que morreram durante um conflito armado têm de ser tratadas com dignidade.

O Serviço de Emergência Civil, encarregado de encontrar pessoas desaparecidas sob escombros, em estradas e em prédios em ruínas em Gaza, diz que foi notificado sobre cerca de 10.000 pessoas desaparecidas durante o ataque israelense a Gaza, que já dura quase um ano.

As autoridades de saúde de Gaza listam mais de 41.000 palestinos confirmados como mortos na ofensiva, que Israel lançou depois que combatentes do Hamas atacaram cidades israelenses em 7 de outubro do ano passado, matando 1.200 pessoas e capturando cerca de 250 reféns.

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