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Nunes foi alvo de rivais e eleitores antes de debate terminar em soco

Candidatos à Prefeitura de São Paulo em debate do Flow, da esquerda para a direita: Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, José Luiz Datena, Tabata Amaral, Pablo Marçal e Marina Helena - Reprodução
Candidatos à Prefeitura de São Paulo em debate do Flow, da esquerda para a direita: Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, José Luiz Datena, Tabata Amaral, Pablo Marçal e Marina Helena Imagem: Reprodução
do UOL

24/09/2024 00h57

As duas horas e meia do debate do Flow News entre os candidatos a prefeito de São Paulo nesta segunda-feira (23) foram focadas em críticas à gestão de Ricardo Nunes (MDB) e apresentação de propostas. Apenas nos 40 segundos finais, Pablo Marçal (PRTB) infringiu as regras e um de seus assessores deu um soco no marketeiro de Nunes.

O que aconteceu

Antes dos 40 segundos finais, Nunes havia sido o alvo preferencial dos adversários — e também dos eleitores convidados para fazerem perguntas. A situação atual do transporte público, das políticas para pessoas com deficiência, poluição, alfabetização, zeladoria, segurança pública foram criticados no debate.

Nunes tentou defender sua gestão, dizendo que os adversários só "criticam". "Eles nunca fizeram nada, sempre a crítica. Pode observar, só tem crítica, crítica, crítica".

A cadeirante Andrea Schwarz, CEO da ONG Inclusão e Diversidade, disse que o orçamento de São Paulo para pessoas com deficiência é uma "vergonha". "A Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência tem o menor orçamento. É uma vergonha o orçamento que está sendo destinado às pessoas com deficiência. Esse assunto é transversal a todas as ações que a Prefeitura tem que fazer".

Nunca vi um prefeito brigar tanto com o que o povo tá dizendo como esse daqui. Então eu pergunto a vocês, que moram nessa cidade como eu moro, se alguma das coisas que ele tá dizendo chegou até vocês, porque eu não vi.
Tabata Amaral (PSB), sobre Ricardo Nunes (MDB)

Aqui eles ficam só falando mal, mas a gente precisa ver o lado positivo, aquilo que está avançando, são conquistas importantes para nós, que temos sonhos e que queremos ter oportunidade.
Ricardo Nunes (MDB), durante o debate do Flow

Nunes disse que ampliou o orçamento, mas reconheceu que historicamente São Paulo fez pouco por pessoas com deficiência. "O orçamento da Secretaria Municipal de Pessoa com Deficiência era de R$ 12 milhões. Hoje é de R$ 80 milhões, mas ainda é pouco", afirmou o prefeito, após ter sido sorteado para responder à pergunta.

Gisele da Silva, moradora de Guaianases, criticou os ônibus e disse que "nem cachorro é tratado igual a gente". Ela afirmou ainda que os candidatos só lembram da população na hora do voto e perguntou onde o dinheiro da passagem do transporte municipal estava sendo usado.

Guilherme Boulos (PSOL) pediu uma "salva de palmas" a Gisele. "Ela falou o que tá entalado na garganta de muita gente", disse Boulos. "Para onde tá indo o dinheiro do transporte? (...) Tem o dinheiro que o povo paga e tem o dinheiro que a prefeitura complementa, nosso dinheiro, dinheiro de imposto que a gente paga", disse Boulos.

Nunes chegou a pedir direito de resposta à pergunta da eleitora Gisele. O pedido foi negado. Boulos e Tabata criticaram a postura do prefeito. "É histórico o prefeito pediu direito de resposta a uma eleitora, a um eleitor, porque não consegue admitir que a sua gestão foi péssima mesmo", disse a candidata do PSB. O psolista afirmou que Nunes estava se "contorcendo" pelas críticas de sua administração.

Tabata criticou queda no ranking de educação durante a gestão Nunes. Em uma pergunta sobre educação, Tabata criticou o prefeito ao dizer que a cidade "caiu 19 posições no ranking [de alfabetização] de capitais brasileiras" e que Nunes "será o primeiro prefeito da nossa história a entregar resultados piores de português e matemática do que ele recebeu".

Nunes culpou a pandemia de covid-19 pelos maus resultados. Disse ainda que a média de alfabetização da cidade são melhores do que Recife e Belém. "Hoje temos vaga de creche para todas as crianças", disse. ao afirmar que caiu a evasão escolar na cidade. "A gente tinha aqui 0,95% de evasão, recebeu os dados agora, olha que coisa sensacional: caiu para 0,7% a nossa evasão escolar", afirmou.

Pablo Marçal disse que Nunes não entregou os corredores de ônibus que prometeu. "Alguém aqui [Nunes] falou que ia fazer 44 quilômetros de corredores de ônibus. Deve ter feito um pouco mais de sete. Isso gera um estresse no trânsito, todo mundo precisa andar, todo mundo precisa se mover dentro dessa cidade, com estresse de idade alto", afirmou.

Propostas de candidatos

No primeiro bloco, a primeira pergunta tratou de propostas para a população em situação de rua. José Luiz Datena (PSDB) defendeu melhorar os abrigos da prefeitura, "que são indecentes". "As pessoas preferem ficar na rua (...) dividindo a rua com pestes que estão por aí, com pragas", disse. "Recolher imediatamente essas crianças e dar um tratamento adequado, inclusive psicológico, porque morar na rua é uma agressão a qualquer cidadão, principalmente crianças, que deveriam ter todo o amparo da prefeitura."

Boulos foi escolhido para comentar e concordou que é preciso "melhorar os abrigos" da prefeitura. Ele criticou a política habitacional da cidade. "Vergonhosamente, a atual gestão falhou nisso, porque não teve como prioridade. Um prefeito que não sinta no fundo da alma [o drama] de alguém que tá na rua, não merece governar São Paulo."

A segunda pergunta, para Boulos, tratou de políticas para pessoas egressas do sistema prisional. O candidato disse que muitos frequentadores da "cracolândia" saíram o sistema prisional e não encontraram acolhimento. "O cara que entra [na prisão] como usuário sai como traficante, porque a cadeia virou escola do crime", disse.

Marina Helena (Novo), defendeu a construção de faixas azuis para reduzir acidente com motociclistas. "Isso ajuda bastante nessa segurança e também liberar as faixas de ônibus", disse ela ao defender também emprego na periferia. "Não é possível as pessoas virem de tão longe para trabalhar", afirmou.

Tom de confronto

No terceiro bloco, Marçal se esquivou de responder a uma pergunta sobre poluição. O empresário provocou Boulos ao sugerir que o psolista poderia apoiar "invasões" de propriedades. "Se alguém for fazer uma invasão em GCM e entrar pra combater isso, o Boulos vai ficar do lado de quem? Boulos respondeu com ironia. "Marçal, a única coisa que eu vou invadir é sua cabecinha vazia, vou invadir com ideia, com proposta, quem sabe até você aperta 50 no dia 6 de outubro."

Método Paulo Freire é hostilizado por Marina . Marina condenou o educador Paulo Freire ao tratar sobre analfabetismo na cidade. "Aqui não vai ter método Paulo Freire", prometeu. Boulos rebateu: "É impressionante, eles [bolsonaristas] falam com uma convicção que eu acho que eles acreditam nas baboseiras que eles criam", disse. "O método Paulo Freire de alfabetização de jovens e adultos é um método renomado, reconhecido internacionalmente, que alfabetizou muita gente aqui e lá fora", disse.

*Participaram desta cobertura: Ana Paula Bimbati, Anna Satie, Bruno Luiz, Caíque Alencar, Fabíola Perez, Laila Nery, Saulo Guimarães e Wanderley Preite Sobrinho, do UOL, em São Paulo

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