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Irã eleva muro na fronteira com o Afeganistão para 'fortalecer segurança' anti drogas e barrar imigrantes

24/09/2024 10h22

O Irã construiu um muro de 10 quilômetros em um trecho de sua fronteira com o Afeganistão para evitar a chegada de imigrantes afegãos ilegais e também para impedir o tráfico de drogas. Há planos de aumentar a barreira na fronteira com o Afeganistão e também com o Paquistão. Segundo um chefe do Exército iraniano citado pela mídia local na segunda-feira, o país é o principal ponto de passagem de migrantes para o Irã.

Com informações da AFP e do correspondente da RFI em Teerã, Siavosh Ghazi 

Um muro foi construído em um trecho de 10 quilômetros dos 900 quilômetros totais que formam a fronteira do Irã com o Afeganistão. Teerã alega que, com a barreira física, pretende impedir que trabalhadores afegãos ilegais cruzem a fronteira. O objetivo das autoridades iranianas é aumentar a extensão do muro ao longo de toda a fronteira com o Afeganistão e também com o Paquistão, ambos seus vizinhos a leste. 

De acordo com as autoridades, mais de dois milhões de afegãos chegaram ao Irã desde que o Talibã assumiu o poder em Cabul, em 2021.

Dois milhões de imigrantes ilegais devem deixar o Irã 

Em 9 de setembro, o ministro do Interior, Eskandar Momeni, anunciou o fechamento "completo" das fronteiras, acrescentando que o país "não tinha mais condições de receber um número tão grande de imigrantes afegãos" e declarou que todos os imigrantes ilegais devem deixar o país.

Momeni afirmou ainda que o Irã empregará outros métodos, incluindo arame farpado e valas cheias de água, além do muro para bloquear a fronteira.

Em 13 de setembro, Ebrahim Rezaï, porta-voz do Comitê de Segurança Nacional do Parlamento, anunciou que a polícia estava planejando "expulsar mais de dois milhões" de imigrantes ilegais em um futuro próximo e determinou que os imigrantes ilegais tinham que deixar o país até março de 2025. 

O Irã não forneceu o total de migrantes afegãos em seu território, mas um membro do parlamento, Abolfazl Torabi, estimou recentemente o número "entre seis e sete milhões", incluindo os irregulares. Os últimos dados oficiais do governo publicados em agosto afirmam que o país abriga "mais de 2,7 milhões de refugiados afegãos legais". 

De acordo com a agência de notícias oficial IRNA, os afegãos representam "mais de 90% dos estrangeiros" no Irã e "a maioria deles entra no país sem documentos de identidade".

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Prevenção do tráfico  

Segundo as autoridades, a intenção da construção do muro é também impedir o tráfico de drogas produzidas no Afeganistão e destinadas aos mercados europeu e árabe. 

"Ao bloquear a fronteira, queremos controlar a entrada e a saída" do país e 'fortalecer a segurança nas áreas de fronteira", acrescentou o vice-comandante das forças terrestres do Exército, general Nozar Nemati, na segunda-feira. 

"Mais de 10 quilômetros de muro foram construídos na fronteira (com o Afeganistão) e outros 50 quilômetros estão planejados", disse Nemati. 

As autoridades aumentaram a pressão sobre os refugiados "ilegais" nos últimos meses e anunciam regularmente as deportações. 

A chegada maciça de afegãos provocou uma campanha nas redes sociais a favor de sua deportação, enquanto manifestações foram realizadas em várias cidades do país. Essa população é composta principalmente por afegãos bem integrados que chegaram nos últimos 40 anos após fugirem de conflitos em seu país de origem.

O fluxo de imigrantes afegãos aumentou desde que o Talibã assumiu o controle em agosto de 2021, após a retirada das forças dos EUA.

O presidente iraniano eleito este ano, Masoud Pezeshkian, declarou que seu governo planeja "repatriar cidadãos ilegais para seu país de forma respeitosa".

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