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Banco Central da China anuncia pacote de medidas sem precedentes para revigorar economia

24/09/2024 11h44

O Banco Central Chinês anunciou, na terça-feira (24), um pacote de medidas sem precedentes desde o fim da Covid-19, para fomentar o consumo e apoiar o mercado imobiliário, na esperança de revigorar o setor que passa por dificuldades desde a pandemia.

Mais de um ano e meio depois do relaxamento das restrições sanitárias que penalizaram a economia do gigante asiático, a tão esperada recuperação pós-Covid foi breve e menos robusta do que o esperado. O país continua particularmente afetado por uma crise imobiliária, pelo elevado desemprego juvenil e pela retração do consumo das famílias, e, ao mesmo tempo, ameaçado pela deflação.

As autoridades chinesas têm como meta um crescimento do PIB de cerca de 5% em 2024, um objetivo considerado muito otimista por economistas devido às dificuldades atuais.

Pequim reduzirá o Índice de Reservas Obrigatórias (RRR) dos bancos, bem como suas taxas diretoras, anunciou Pan Gongsheng, governador do Banco Central, numa coletiva de imprensa em Pequim. O RRR é um índice que determina a porcentagem de depósitos que os bancos são obrigados a manter nos seus cofres. A sua redução deverá permitir emprestar mais às empresas para apoiar a economia real.

"A taxa de reserva obrigatória será muito em breve reduzida em 0,5 pontos percentuais, a fim de fornecer aos mercados financeiros uma liquidez de longo prazo de cerca de 1 bilhão de yuans" (R$ 778 bilhões), disse Pan.

A China também "reduzirá as taxas de juro dos empréstimos hipotecários existentes" no setor imobiliário, anunciou, uma medida que deverá "beneficiar 50 milhões de famílias e 150 milhões de pessoas". A queda das taxas imobiliárias deverá "ajudar a estimular o consumo e o investimento", segundo Pan Gongsheng.

Otimismo comedido

As bolsas chinesas reagiram positivamente a estas medidas. No encerramento, Hong Kong subiu 4,13%, Xangai 4,15% e Shenzhen 3,95%. Mas o otimismo é mais comedido entre os economistas.

"É um passo na direção certa, mas provavelmente será insuficiente", resume o analista Julian Evans-Pritchard, da empresa de consultoria Capital Economics.

"As medidas anunciadas hoje estão longe de ser o plano de mega-recuperação" recomendado por vários especialistas, acredita também o analista Raymond Yeung, do banco ANZ.

"A China parece ter caído numa armadilha em termos de liquidez" que falta à economia, sublinha Yeung. Isto requer uma política fiscal "mais robusta" para reanimar a demanda, segundo ele.

Para atrair mais capital, o Banco Central anunciou na terça-feira um fundo com 500 bilhões de yuans (R$ 390 bilhões), com o objetivo de estabilizar os mercados sob pressão. As empresas cotadas e as seguradoras poderão aproveitar para comprar ações nos mercados para reforçar os investimentos e, portanto, revigorar a economia.

O setor da habitação e da construção representa há muito tempo mais de um quarto do PIB chinês. Mas desde 2020 tem sofrido com um aperto por parte de Pequim das condições de acesso ao crédito para promotores imobiliários, o que levou alguns, como Evergrande ou Country Garden, à beira da falência, enquanto a queda dos preços dissuade os chineses de investir em imóveis.

Nos últimos meses, as autoridades chinesas aumentaram as medidas de estímulo. Em maio, reduziram a contribuição necessária para a compra da primeira casa e propuseram que as autoridades locais recomprassem imóveis não vendidos ou não entregues.

Na terça-feira foi anunciada ainda uma nova redução da contribuição mínima e alargada à aquisição da segunda residência.

A crise imobiliária priva as autoridades locais de uma importante fonte de rendimentos imobiliários e sua dívida atingiu agora U$ 5,6 bilhões (R$ 30,5 bilhões), segundo o governo central, que se preocupa com a estabilidade da economia chinesa.

Pequim "cooperará ativamente na resolução dos riscos ligados ao imobiliário e da dívida do governo local", assegurou Li Yunze, diretor da Administração Central de Regulação Financeira ao lado do chefe do Banco Central.

A explosão da dívida comunitária é um dos "riscos" que ameaçam a economia, reconheceram as autoridades chinesas em julho.

(Com AFP)

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