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Governo prorroga Força Nacional em território Yanomami até março de 2025

Servidor do Ibama atira com fuzil para inutilizar um motor usado em um garimpo ilegal recém aberto na terra indígena yanomami em Roraima - alo de Almeida/Folhapress
Servidor do Ibama atira com fuzil para inutilizar um motor usado em um garimpo ilegal recém aberto na terra indígena yanomami em Roraima Imagem: alo de Almeida/Folhapress
do UOL

Do UOL, em São Paulo

23/09/2024 12h07Atualizada em 23/09/2024 12h07

Uma portaria do Ministério da Justiça e Segurança Pública publicada na sexta-feira (20) no DOU (Diário Oficial da União) prorroga a permanência da Força Nacional na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, até março de 2025.

O que aconteceu

A portaria prorroga o emprego de agentes da Força Nacional em ações que incluem combate a queimadas e crimes ambientais. Segundo a publicação, assinada pelo ministro Ricardo Lewandowski, o objetivo da medida é apoiar a Casa Civil na execução do "Plano de Desintrusão e de Enfrentamento da Crise Humanitária", na Terra Indígena Yanomami e áreas limítrofes, o que inclui ações de combate a queimadas e crimes ambientais.

Também estão previstas ações de apoio à segurança de pessoas e patrimônio locais. A Força Nacional também deverá atuar "nos serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio" no território indígena, conforme a portaria.

A medida vale por 180 dias. O novo período de permanência dos agentes de segurança pública na Terra Indígena Yanomami vai de 21 de setembro de 2024 a 19 de março de 2025.

A atuação dos agentes será coordenada pela PF. O emprego da Força Nacional na região ocorrerá "em articulação com os órgãos de segurança pública do Estado de Roraima e com a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), sob a coordenação da Polícia Federal", conclui a portaria.

Força Nacional atua diretamente em sete comunidades do território. Segundo o governo federal, a atuação dos agentes visa garantir a segurança das comunidades Yanomami e Ye'kwana, além de colaborar com outros órgãos federais "para fiscalizar e combater áreas utilizadas na logística do garimpo ilegal".

Crise no território Yanomami

Comunidades da região enfrentam crise humanitária pelo avanço do garimpo ilegal. Maior território indígena do Brasil em extensão, a Terra Indígena Yanomami enfrenta uma emergência de saúde devido ao avanço do extrativismo ilegal na região, com casos graves de indígenas com malária e desnutrição severa, que se intensificaram durante a gestão Jair Bolsonaro (PL).

O Ministério da Saúde ainda não divulgou dados de mortes de yanomamis em 2024. O informe mais recente saiu no final de fevereiro, mas só mostra números até 31 de dezembro do ano passado. Desde então, a pasta não publicou mais nenhum boletim, conforme mostrou reportagem do UOL.

Os registros oficiais de mortes de yanomamis cresceram 5,8% em 2023. No boletim mais recente, a Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) contabilizou 363 óbitos no ano passado, contra 343 em 2022. Os números, no entanto, estão "sujeitos a alteração" porque os casos ainda são investigados. Um dos motivos, segundo a secretaria, é que costuma haver diferença entre a data da morte e o registro no sistema, devido às dificuldades de acesso ao território.

O ministério diz que houve subnotificação de casos no governo Bolsonaro. No boletim mais recente, publicado em fevereiro deste ano, a pasta relatou que a falta de registros "foi causada pela precarização da estrutura dos serviços e sistemas de saúde indígena dos últimos anos". Ou seja, o total de 343 mortes em 2022 também pode ser revisto.

Procurado pelo UOL, o governo afirmou que "divulgará em breve um balanço com dados atualizados". Em nota, o ministério afirmou que os números estão passando por revisão das áreas técnicas da Sesai e da SVSA (Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente).

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