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Unicef: Calor extremo afeta crianças 5 vezes mais do que na década de 70

No país, 33 milhões de crianças sofrem com os dias extremamente quentes - ULISES RUIZ / AFP
No país, 33 milhões de crianças sofrem com os dias extremamente quentes Imagem: ULISES RUIZ / AFP
do UOL

Do UOL, em São Paulo

23/09/2024 14h04

As crianças brasileiras sofrem o dobro com o calor do que seus ancestrais de 1970. Em documento, o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) alerta para as mudanças climáticas extremas.

O que aconteceu

No país, 33 milhões de crianças sofrem com os dias extremamente quentes. O balanço do Unicef foi realizado a partir da análise de informações de instituições de pesquisa e monitoramento climático.

Houve um aumento significativo de dias com temperaturas acima de 35° no Brasil — régua que regula a temperatura como calor extremo. Os dados expostos são uma comparação entre os anos de 1970, 2020 e 2024.

Em 2024, crianças enfrentam o dobro da frequência de dias quentes em comparação a 1970. Considerando que exista, segundo o Censo do IBGE de 2022, aproximadamente 40,1 milhões de crianças no Brasil, o número representa cerca de 80% das pessoas com idades entre 0 e 14 anos convivendo com o dobro do calor extremo.

A média de dias quentes no Brasil passou de 4,9 ao ano na década de 70, para 26,6 na década de 2020.

Ondas de calor também aumentaram consideravelmente. De acordo com o relatório do Unicef, o aumento na frequência e intensidades das chamadas ondas de calor (períodos de três dias ou mais com temperaturas máximas 10% acima da média local), afetam 31,5 milhões de crianças — elas enfrentam duas vezes mais ondas de calor que as crianças da década de 1970.

Calor extremo afeta a saúde e aumenta riscos para crianças, segundo o relatório do Unicef. Crianças e adolescentes sentem por mais tempo e com mais intensidade as ondas de calor, assim como outros fenômenos provocados por mudanças climáticas, como enchentes e secas.

Níveis excessivos de estresse térmico contribuem para a desnutrição infantil. Além disso, aponta o Unicef, as crianças ficam mais suscetíveis a doenças infecciosas como malária e dengue.

Os perigos relacionados ao clima para a saúde infantil são multiplicados pela maneira como afetam a segurança alimentar e hídrica, a exposição à contaminação do ar, do solo, e da água, e a infraestrutura, pois interrompem os serviços para crianças, incluindo educação, e impulsionam deslocamentos. Além disso, esses impactos são mais graves a depender das vulnerabilidades e desigualdades enfrentadas pelas crianças, de acordo com sua situação socioeconômica, gênero, raça, estado de saúde e local em que vivem.
Danilo Moura, Especialista em Mudanças Climáticas do Unicef no Brasil

Unicef faz apelo para candidatos

Entidade pede para que próximos prefeitos se comprometam com a causa climática. De acordo com o Unicef, é essencial que os candidatos tenham conhecimento das mudanças climáticas que estão acontecendo.

Unicef pede implementação de ações de enfrentamento às mudanças climáticas. Segundo a entidade, há uma necessidade de adequações de serviços públicos e de infraestrutura para que as comunidades resistam aos efeitos dos severos impactos destas mudanças, citando a vulnerabilidade específica de meninos e meninas.

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