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Colômbia comprou programa espião israelense Pegasus via lavagem de dinheiro, diz Inteligência

23/09/2024 15h48

O chefe da Inteligência da Colômbia denunciou, nesta segunda-feira (23), que o governo do ex-presidente Iván Duque comprou o software espião israelense Pegasus com recursos provenientes da lavagem de dinheiro, segundo uma investigação ordenada pelo presidente Gustavo Petro.

Desde o começo deste mês, as autoridades colombianas seguem a pista da suposta compra, em 2021, do programa informático que infecta celulares para extrair informação destes dispositivos.

Segundo a denúncia feita por Petro em discurso televisionado em 4 de setembro, o software foi adquirido durante o governo de seu antecessor e adversário político, o direitista Iván Duque (2018-2022) por 11 milhões de dólares (cerca de R$ 57,3 milhões, em cotação de 2022) em dinheiro vivo.

"Nós, na investigação que estamos fazendo, temos certeza de que é lavagem de dinheiro", disse o chefe da Direção Nacional de Inteligência (DNI), Jorge Lemus, durante entrevista difundida nesta segunda pelo canal público Señal Colombia. 

O Pegasus ficou mundialmente conhecido em 2021, quando um consórcio de 17 veículos de mídia internacionais revelou que milhares de personalidades públicas foram espionadas em países como México, Hungria, Polônia, Arábia Saudita, dentre outros.

Veículos de Israel e Colômbia já tinham denunciado esta suposta transação irregular entre a polícia colombiana e o NSO Group, fabricante da Pegasus, cujas funcionalidades incluem ativar a câmera e o microfone de um telefone à distância.

Lemus acrescentou que o NSO Group "declarou o dinheiro" em Israel, mas cometeu irregularidades ao receber o pagamento na Colômbia.

O dinheiro "saiu ilegalmente, não deixaram nenhum rastro. Estavam cometendo um crime, estavam cometendo vilanias", acrescentou.

Funcionários do governo Duque negam ter feito gestões para comprar o software em 2021, ano em que aquele governo foi alvo de protestos multitudinários que deixaram dezenas de mortos.

A procuradora-geral, Luz Adriana Camargo, assegurou recentemente que não há certeza sobre o uso na Colômbia do Pegasus, um "software muito sofisticado" e difícil de rastrear.

Em maio, Petro rompeu relações diplomáticas com Israel por causa da guerra na Faixa de Gaza.

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© Agence France-Presse

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