Dólar sobe e Bolsa tem queda: tendência é cair mais, dizem bancos
A Bolsa de Valores de São Paulo abriu esta segunda-feira (23) em baixa de 0,46%, com o Ibovespa a 130.467 pontos, ainda repercutindo o aumento da Selic e também o risco fiscal. A tendência é que o índice perca também o patamar dos 130 mil pontos.
O dólar tinha aumento de 0,65%, indo a R$ 5,557. O dólar turismo ia a R$ 5,77.
O que está acontecendo?
A maré não está para peixe na Bolsa de Valores brasileira, segundo o Goldman Sachs. O banco americano analisou os períodos em que — como agora — o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) cortou juros e o BC daqui subiu a taxa Selic. E o resultado não foi bom.
Durante esses períodos, as ações brasileiras caíram 15% em um período de seis meses, divulgou o banco americano. "Ao contrário, quando os cortes no Brasil passaram a acontecer, as ações tenderam a apresentar desempenho superior consistentemente, independentemente de o Fed aumentar ou cortar juros, indicando que o mercado de ações é mais sensível às taxas locais do que às taxas dos EUA", afirmou o banco.
Nos níveis atuais, vemos riscos de baixa para o índice principal em meio a uma lacuna de taxa crescente, demanda final da China ainda fraca e preços mais baixos de petróleo e produtos básicos (commodities).
Jolene Zhong e Sunil Koul, analistas do GS que assinam o documento
O Banco do Brasil também prevê tendência de baixa. "A expectativa era que o fluxo proveniente do diferencial de juros entre as duas economias (EUA e Brasil) produzisse um efeito de maior apetite a risco no curtíssimo prazo, cenário que não se concretizou", publicou o BB hoje em análise para investidores.
O Ibovespa teve quda acumulada na semana passada de 2,83%. O dólar, que caiu 1,78% na sexta-feira (20), terminou a semana em queda de 0,83%.
Fiscal
Preocupações em torno da credibilidade fiscal também colaboram para o aumento do risco no mercado nacional, diz o GS. Por isso, agora às 11h, o mercado estará de olho na entrevista coletiva de imprensa do Ministério do Planejamento sobre o relatório bimestral de receitas e despesas, apresentado na noite na sexta-feira (20), depois do fechamento do mercado.
Os ministérios do Planejamento e da Fazenda diminuíram a contenção do orçamento de R$ 15 bilhões para R$ 13,3 bilhões. Esse valor será travado no orçamento em bloqueios, que precisam ser feitos em razão da elevação das despesas. Já a parcela de R$ 3,8 bilhões que estava contingenciada, pela frustração de receitas, foi revertida. No relatório bimestral de julho, eram R$ 11,2 bilhões bloqueados, montante que subiu R$ 2,1 bilhões para que seja cumprido o limite de gastos de 2024.
A estimativa para as contas públicas passou de um rombo de R$ 32,6 bilhões para R$ 28,3 bilhões. Isso é cerca de R$ 500 milhões menor do que o limite inferior da meta (R$ 28,8 bilhões) e, portanto, dentro do intervalo de tolerância. O governo federal espera arrecadar R$ 33,740 bilhões de setembro a dezembro deste ano.
Petróleo e ferro
O minério de ferro cai após novos sinais de que a economia da China continua em dificuldades. O banco central chinês reduziu as suas principais taxas na noite do último domingo e fez uma injeção de liquidez equivalente a US$ 10,6 bilhões, num esforço para animar a economia. O petróleo opera estável com os riscos geopolíticos contrabalançados pela força do dólar.
Inflação
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) subiu 0,44% na terceira quadrissemana de setembro. Na quadrissemana anterior, o aumento havia sido de 0,21%, segundo informações divulgadas nesta segunda-feira, 23, pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Com o resultado, o índice acumula alta de 4,35% em 12 meses.
Durante a semana
O investidor também estará atento à divulgação do IPCA-15 de setembro, na quarta-feira (25), quando também será divulgado o IPC-Fipe. Sai também o IGP-M de agosto, na sexta-feira (27). Também saem na quarta (25) os dados das transações em conta corrente e o Investimento Direto no País (IDP) de agosto.
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