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Boulos reforça estratégia de número na urna para evitar 'efeito Tarcísio'

Boulos (PSOL) tem como principal padrinho político Lula (PT) - Werther Santana/Estadão Conteúdo
Boulos (PSOL) tem como principal padrinho político Lula (PT) Imagem: Werther Santana/Estadão Conteúdo
do UOL

Do UOL, em São Paulo

22/09/2024 12h00

A campanha de Guilherme Boulos (PSOL) tem reforçado as estratégias para tornar mais conhecido o número da urna do candidato e evitar que o eleitor não erre no dia da votação.

O que aconteceu

Candidato quer escapar de cenário vivido por Tarcísio de Freitas (Republicanos) no primeiro turno de 2022. Na ocasião, mais de 521 mil eleitores digitaram 22, número correspondente ao PL, partido de Jair Bolsonaro, por entender que o candidato teria o mesmo número de urna do ex-presidente por ser seu apadrinhado.

No caso de Boulos, o padrinho político é Lula, do PT, que tem o número de urna já disseminado pela capital paulista. Para evitar a confusão, a campanha do candidato do PSOL lançou novo jingle nos últimos dias com foco quase que exclusivo no número. "Guilherme Boulos é 50, Marta é 50", diz trecho.

Apresentar a candidata a vice Marta Suplicy (PT) na música é necessário, segundo a campanha, pela lembrança do eleitor. A ex-prefeita é tradicionalmente lembrada pela gestão na cidade pelo PT. Interlocutores de Boulos acreditam que é preciso reforçar a imagem da petista como vice e ao número do PSOL.

Adesivos e inserções da propaganda eleitoral na TV dão maior visibilidade para o número. Enquanto o candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) aposta em adesivos com seu nome, foto e número de urna — para ser mais conhecido pela população — o material de campanha de Boulos, em muitos casos, tem apenas o número do partido.

Na reta final da campanha, equipe trabalha para divulgar peças "agressivas" e que vão repetir o 50 mais vezes nas propagandas gratuitas. Candidatos a vereadores e apoiadores também têm reforçado a estratégia em comentários nas redes sociais e nas entrevistas ao vivo, transmitidas pelo YouTube.

Durante entrevista ao podcast Flow, Boulos foi questionado sobre o seu número. O trecho foi recortado e usado pela campanha em publicações patrocinadas nas redes sociais via stories — quando o usuário assiste vídeos que duram 24 horas.

Digitar o número que não corresponde a nenhum concorrente a cargo público é o mesmo que anular o voto. Se o eleitor digitar o número do PT, por exemplo, o voto dele é registrado, mas não entra na contabilidade dos votos válidos e tem o mesmo destino dos votos em branco.

Em 2022, os votos perdidos por Tarcísio no primeiro turno pelo erro dos eleitores correspondiam a 5,27% do total obtido por ele. A equipe do então candidato ao Palácio dos Bandeirantes precisou reforçar a estratégia nos discursos e na propaganda eleitoral para o segundo turno. A campanha de Boulos tenta antecipar esse movimento.

Conhecimento de eleitor sobre número da urna

Entre os eleitores de Boulos, 13% fizeram menções erradas ao número de urna do candidato. Os dados são de pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (19). O índice, apesar de baixo, é o maior em relação aos outros candidatos. Tabata Amaral (PSB) tem a segunda maior porcentagem nesse quesito — 10% dos eleitores da deputada federal erraram o número dela responderem o instituto.

O candidato do PSOL tem 56% dos seus eleitores respondendo corretamente o número, segundo o Datafolha. Pablo Marçal (PRTB) lidera o ranking com 57% dos apoiadores citando o número certo (28). O ex-coach tem feito ações agressivas nas redes sociais como mostrar o número diversas vezes no vídeo — com o desconhecimento do seu partido, o empresário reforça a estratégia em todos os seus discursos.

O ex-coach já tentou confundir o eleitor ao dizer que o número de Boulos era 13. Durante o debate da TV Gazeta e o canal MyNews, em 1º de setembro, Marçal afirmou que os números do psolista e de Nunes (15) somados davam o seu número de urna.

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