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Zelensky lamenta que Ucrânia ainda não tenha permissão para usar armas de longo alcance na Rússia

21/09/2024 09h00

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, lamentou, neste sábado (21), que os Estados Unidos e o Reino Unido ainda não tenham autorizado o uso de mísseis de longo alcance em solo russo, uma questão sensível para os aliados ocidentais da ex-república soviética que temem a reação de Moscou. 

"Nem os Estados Unidos nem o Reino Unido nos deram permissão para usar estas armas no território da Rússia, contra qualquer alvo e a qualquer distância", e Kiev, portanto, não o fez, disse Zelensky à imprensa na noite de sexta-feira, incluindo a AFP. 

"Acho que têm medo de uma escalada", acrescentou, em declarações que foram embargadas até à manhã deste sábado. 

A Ucrânia exige a autorização para usar armas de longo alcance para atacar alvos militares em território russo. Porém, alguns, especialmente o presidente dos EUA, Joe Biden, temem a reação da Rússia. 

O presidente russo, Vladimir Putin, advertiu que uma decisão nesse sentido equivaleria "aos países da Otan [estarem] em guerra contra a Rússia". 

Zelensky afirmou que é necessária uma decisão rápida, enquanto a Rússia "transfere" seus aviões de guerra para bases mais distantes. 

A utilização de mísseis de longo alcance faz parte de um plano para acabar com a guerra, que começou com a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022. 

Zelensky apresentará este plano a Joe Biden durante uma visita aos Estados Unidos na próxima semana. 

O presidente americano "ainda pode fortalecer a Ucrânia e tomar decisões importantes" antes do final de seu mandato, em janeiro próximo, garantiu Zelensky.

- Encontro com Trump -

Este plano também será apresentado a Kamala Harris, vice-presidente e candidata democrata, e a Donald Trump, ex-presidente e candidato republicano. 

Depois disso, será "aberto a todos", declarou Zelensky, sugerindo que será tornado público. 

O presidente ucraniano afirmou que aproveitaria sua viagem aos Estados Unidos para "falar ao Congresso americano" porque precisa do seu "apoio". 

A Ucrânia é altamente dependente da ajuda ocidental, especialmente dos Estados Unidos. As eleições presidenciais dos EUA, em 5 de novembro, suscitam sérias preocupações, uma vez que qualquer mudança política poderá ter consequências significativas. 

Zelensky indicou que provavelmente se reuniria em 26 ou 27 de setembro com Trump, que criticou fortemente a ajuda de bilhões de dólares de seu país à Ucrânia. 

Esta ajuda "acelerou" no início de setembro, comemorou Zelensky, cujo Exército, com menos soldados e armas que o russo, tem dificuldade em conter o avanço das tropas russas no leste do país. 

Porém, ainda assim, a entrega da ajuda deveria ser mais rápida, reclamou.  

Atrasos na entrega de material bélico, devido a divisões políticas, deixaram o Exército ucraniano com falta de munições e armas no início do ano.

- Não é "concreto" -

Zelensky também criticou uma iniciativa de paz entre Rússia e Ucrânia proposta há alguns meses pela China e pelo Brasil. 

"Não acredito que seja um plano concreto, pois não vejo ações ou etapas específicas", mas apenas certa generalização, disse. 

"Uma generalização sempre esconde alguma coisa", acrescentou. 

A China e o Brasil declararam em maio que "apoiam uma conferência internacional de paz" com "uma discussão justa de todos os planos de paz". 

A colaboração estratégica entre a China e a Rússia foi reforçada desde o início da guerra. 

Zelensky também afirmou que se opõe à possibilidade de fazer uma "pausa" no conflito, porque o que é necessário é uma paz "estável".

O Exército ucraniano anunciou neste sábado que havia bombardeado dois depósitos de armas no sul e no oeste da Rússia, um deles na cidade de Tikhorestsk, na região de Krasnodar. 

O Exército disse em um comunicado que esse depósito era "uma das três maiores bases de armazenamento de munição" na Rússia e um "local importante" para a logística militar russa. 

O governador de Krasnodar, Veniamin Kondratiev, disse que 1.200 pessoas foram evacuadas de um vilarejo próximo a Tikhoretsk.

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© Agence France-Presse

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