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Kamala Harris ataca legado de Trump contra o aborto em semana ruim para o republicano nas pesquisas

21/09/2024 11h49

Em um comício em Atlanta, Kamala Harris fez campanha sobre seu tema favorito: o aborto, em um estado como a Geórgia, onde esse direito fundamental foi praticamente proibido desde que a Suprema Corte anulou a chamada "decisão Roe contra Wade". Harris prestou homenagem às primeiras vítimas, segundo ela, dessa legislação herdada do período de Donald Trump na Casa Branca.

Com informações de David Thomson, correspondente da RFI nos EUA

Na última semana, Kamala Harris obteve vantagem ou empatou com Donald Trump em todas as 14 pesquisas eleitorais nacionais divulgadas nos Estados Unidos. No palco em Atlanta, a vice-presidente e candidata democrata à Casa Branca fez com que o público repetisse o nome de Amber Thurman, a primeira vítima conhecida do cancelamento do direito federal ao aborto nos Estados Unidos.

A assistente médica de 28 anos morreu de uma infecção causada por restos fetais deixados em seu útero depois de tomar uma pílula abortiva. Os médicos, que podem pegar até dez anos de prisão na Geórgia se fizerem um aborto após seis semanas de gestação, recusaram-se a tratá-la e a realizar a curetagem que poderia ter salvado a vida da americana.

Sem tratamento, Amber Thurman morreu depois de um longo sofrimento de 20 horas. A candidata democrata a transformou em um símbolo do histórico nocivo do governo Donald Trump. "Sua família me disse que ela tinha acabado de comprar um apartamento com piscina para ela e seu filho. Ela estava muito orgulhosa e ia começar a estudar enfermagem", disse Harris.

Melissa, 42, uma mulher negra de Atlanta, chorou ao mencionar a tragédia e afirmou se identificar perfeitamente com Amber Thurman. "Poderia ser eu ou uma de minhas irmãs. Porque se eu ficar grávida, posso muito bem abortar. Mas se eu for ao hospital para fazer uma curetagem, posso morrer na mesa porque o médico não tem permissão para fazer essa operação. Portanto, essa eleição é realmente uma questão de vida ou morte para mim", declarou a eleitora.

Em novembro, Melissa não apenas votará em sua "amiga" Kamala, como ela a chama, mas também pretende mobilizar todos ao seu redor para restaurar os direitos reprodutivos nos Estados Unidos.

Tim Walz percorre a Pensilvânia 

Enquanto a vice-presidente norte-americana faz campanha na Geórgia, seu companheiro de chapa, Tim Walz, está em outro estado importante, a Pensilvânia, que ele vem percorrendo com frequência.

Depois de fazer o que os democratas chamam de "turnê rural", Tim Walz chega agora à parte mais urbanizada, em Allentown, no centro do condado de Lehigh, que deu vitória a candidatos democratas nas duas últimas eleições - em 2020, quando Joe Biden venceu, e em 2016, quando Donald Trump venceu. Apesar do fechamento de siderúrgicas, Allentown conseguiu se reinventar, ao atrair empresas do setor médico e de equipamentos médicos, mas também de transporte, logística e equipamentos para exploração de gás por fraturamento hidráulico mais ao norte.

A uma hora de carro da Filadélfia, Allentown também se encontra na órbita direta dessa grande megalópole da costa leste. O resultado é uma taxa de desemprego de apenas 3,5%, abaixo da média nacional, e em linha com a média estadual. Não é de surpreender que o condado de Lehigh tenha sido um dos fatores que permitiram a Joe Biden reconstituir a chamada "Blue Wall", em 2020, como é conhecida essa parte dos Estados Unidos que os especialistas políticos identificam como sendo composta por 18 estados e o distrito de Colúmbia, onde o Partido Democrata venceu em todas as eleições presidenciais, de 1992 a 2012.

Repetir essa dinâmica do eleitorado é, sem dúvida, a meta que Tim Walz e os democratas tentam manter com a visita a uma cidade que também conheceu um aumento acentuado na população latina nos últimos anos. Além de votarem com menor frequência do que outros grupos demográficos, os latinos não votam sistematicamente nos democratas. Muitos são atraídos pelas ideias ultraconservadoras dos republicanos, como no caso do aborto, por crença religiosa, e por isso precisam ser persuadidos a aderir ao programa da chapa Harris-Walz.

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