Ucrânia restringe uso do Telegram a altos funcionários e militares por razões de segurança
A Ucrânia anunciou, nesta sexta-feira (20), que vai restringir o uso do Telegram nos dispositivos de altos funcionários do governo e militares devido a "ameaças" à segurança nacional vindas desta plataforma de mensagens, fundada pelo milionário russo Pavel Durov.
"O Conselho Nacional de Segurança e Defesa decidiu proibir a instalação do Telegram em dispositivos de funcionários do governo, militares, funcionários da área de segurança e defesa e em empresas que gerenciam infraestruturas críticas", disse a organização em comunicado publicado no Facebook.
O uso do Telegram é generalizado na Ucrânia, que luta contra uma invasão russa desde fevereiro de 2022.
Os militares "frequentemente o utilizam para assuntos de trabalho" que são confidenciais, disse à AFP um alto funcionário da segurança ucraniana, sob condição de anonimato.
"É uma grande fonte de vazamento de informações, já que o Telegram é muito fácil de ser hackeado" pelos russos, explicou.
Os funcionários que são obrigados a usar o Telegram para divulgar informações à população não são abrangidos por este regulamento, especificou o Conselho.
O Conselho de Segurança, subordinado à Presidência ucraniana, indicou que a decisão foi tomada após uma reunião "sobre as ameaças à segurança nacional" representadas pelo aplicativo.
O chefe da Inteligência militar ucraniana, Kirilo Budanov, apresentou "informações fundamentadas" que mostram que os serviços russos "têm acesso às conversas pessoais dos usuários do Telegram, incluindo mensagens apagadas, e aos seus dados pessoais", afirmou o Conselho.
Durov, de 39 anos, foi preso em um aeroporto na França no final de agosto e acusado pela Justiça por publicar conteúdos ilegais nesta plataforma.
O empresário, nascido na Rússia mas que tem várias nacionalidades, foi libertado sob controle judicial, embora esteja proibido de sair do país.
O Telegram é amplamente usado na Rússia, na Ucrânia e em vários países, tanto para divulgar informações oficiais como para conversas privadas.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, publica informações diariamente no Telegram, assim como seus ministros e militares.
Durov estima que o Telegram, fundado em 2013, tenha cerca de 950 milhões de usuários em todo o mundo.
bur-oc/jm/an/es/aa
© Agence France-Presse
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