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Mudança ilegal altera vidro e deixa carro blindado desprotegido em assaltos

Jales Valquer /Fotoarena/Folhapress
Imagem: Jales Valquer /Fotoarena/Folhapress
do UOL

Wandick Donett

Colaboração para o UOL

20/09/2024 05h30

A segurança veicular é uma preocupação crescente, mas uma alteração que tem viralizado nas redes sociais coloca em risco a proteção de modelos blindados. Alguns proprietários, ao colocar o carro à venda, têm retirado a camada de policarbonato da proteção, alegando que tal componente não é necessário e compromete a estética do automóvel.

Segundo Danilo Rene, sócio da E11 Blindagem, a prática ilegal de remover o policarbonato para melhorar a aparência do veículo à venda coloca em risco a vida dos futuros ocupantes, uma vez que a proteção balística fica severamente comprometida.

"Depois de alguns anos pode ocorrer a delaminação, que faz com que a película do policarbonato estoure algumas bolhas de ar, assim como o insulfilm. Para facilitar a venda do veículo, empresas clandestinas não certificadas atendem o pedido dos proprietários e apenas retiram a proteção do policarbonato para não prejudicar visualmente o interesse pelo carro", disse Rene.

Ele afirma ainda que a retirada deixa o veículo totalmente desprotegido. "Muitos pensam que o policarbonato, a última camada do vidro blindado, serve apenas para reter estilhaços em caso de impacto. Porém, essa camada vai muito além, oferecendo uma segurança essencial ao pacote balístico. A remoção ou delaminação do policarbonato não só compromete a proteção como é ilegal".

Marcelo Silva, presidente da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), revela que "a retirada do policarbonato do vidro blindado realmente traz um perigo muito grande. A delaminação não é um defeito, é uma característica do composto. Como o vidro e o plástico tem coeficientes de dilatação diferentes, com a alteração de temperatura, aquecimento, resfriamento, eles trabalham entre si e acabam descolando, ou seja, o policarbonato descola do composto".

Ele afirma que, nesses casos, o correto a se fazer é a substituição do vidro. "o que acontece é que para carros mais antigos o custo de uma reposição de vidro fica desproporcional ao seu valor e, então, infelizmente, a forma que alguns encontraram para vender o carro sem delaminação, cuja presença deprecia o carro, é retirar o policarbonato, o que não deveria acontecer, já que compromete a eficiência balística da blindagem".

Outro ponto importante é que o policarbonato não pode ser confundido com uma película de proteção solar, como insulfilm, como explica Rodrigo Spinola, diretor de engenharia da Concept Be Safe.

"Normalmente o insulfilm possui 0.1mm de espessura e sua aplicação tem o objetivo de diminuir a incidência solar no veículo e gerar um conforto térmico. Já o policarbonato faz parte da composição balística dos vidros blindados que se utilizam desta tecnologia. Não pode ser retirado em hipótese nenhuma, pois compromete a segurança e resistência balística dos ocupantes fazendo com que o vidro deixe de ser blindado", explica .

A visibilidade é outro aspecto comprometido pela delaminação. Vidros com bolhas ou descolamentos podem gerar distorções e pontos cegos, prejudicando a capacidade do motorista de navegar com segurança.

A Resolução Contran nº 960 de 2022 estabelece requisitos de segurança e visibilidade para vidros em veículos. A recuperação ou reparação de vidros com propriedades balísticas é proibida. A delaminação, quando identificada, exige a substituição completa do vidro afetado, não sendo permitido qualquer tipo de reparo ou reprocessamento.

Em caso de delaminação, a recomendação segura é a substituição do vidro, que normalmente estão na garantia oferecida por fabricantes entre três até 10 anos.

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