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'Paulo Guedes do PT': Haddad é criticado por alunos durante palestra na USP

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad - Gabriela Biló/Folhapress
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad Imagem: Gabriela Biló/Folhapress
do UOL

Do UOL, em São Paulo

20/09/2024 21h10

Na noite de sexta-feira (20), estudantes da USP (Universidade de São Paulo) encheram o Auditório István Jancsó, na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, para assistir a uma palestra do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Durante o evento, em meio a cartazes que criticavam o arcabouço fiscal, Haddad defendeu a legislação, relatou sua trajetória no governo, fez críticas ao mercado financeiro e abordou os gastos do país no enfrentamento das mudanças climáticas.

O que aconteceu

"Em defesa da educação, Haddad trabalha para patrão." Foi quase às 19h que o ministro da Fazenda iniciou sua palestra. Após falas de professores, estudantes da União da Juventude Comunista, ala jovem do PCBR, o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, exibiram o primeiro cartaz contra a política fiscal do governo para a educação.

Alunos criticaram o novo arcabouço fiscal. Dois estudantes seguravam cartazes contra a lei que substituiu o teto de gastos. Sorridente, Haddad comentou: "O arcabouço fiscal poderia ser melhor? Sim, mas as pessoas esquecem que foi o Congresso que aprovou. Quantos deputados progressistas existem no Congresso?".

"Fernando Haddad é o Paulo Guedes do PT." Após a última pergunta da plateia, alguns estudantes elevaram a voz e compararam o ministro ao ex-ministro da Economia do governo Bolsonaro. Parte do público defendeu Haddad, e o debate foi encerrado.

Na saída, houve mais protestos. Estudantes seguiram o ministro, manifestando-se contra o arcabouço fiscal.

A nossa intervenção é a parte do pressuposto de que o novo arcabouço fiscal é uma continuidade do teto de gasto do Bolsonaro. Além disso, a gente entende que o governo Lula vem atacando de diversas maneiras os direitos da classe trabalhadora. Dessa maneira, a gente entende que a gente precisa de uma postura de crítica, de oposição a esse governo, que apesar de ter sido eleito em oposição ao Bolsonaro, fez uma oposição despolitizada.
Estudante e integrante da União da Juventude Comunista

Nem todos criticaram. Durante a palestra, Haddad fez piadas que provocaram risos, e parte da plateia formou uma fila para tirar fotos com ele. "Ministro, a fila está grande, não esquece da gente", brincou uma aluna com o celular em mãos.

Haddad palestrou no evento "Os Desafios na Economia e as Perspectivas da Política no Brasil". O evento foi organizado por três faculdades da USP nas quais o ministro estudou: a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).

O que mais disse o ministro

Críticas ao mercado. "Nada do que o mercado projeta se confirma", afirmou o ministro durante a palestra, ao mencionar dados de projeções de crescimento que ficaram abaixo do desempenho real do PIB (Produto Interno Bruto) do país. Para 2023, o mercado havia estimado um crescimento de 1,6%, mas o resultado final foi de 2,9%.

Haddad também criticou as isenções fiscais para diversos setores. "Todo mundo quer equilíbrio fiscal, desde que não mexa com o seu", disse o ministro, referindo-se a setores que defendem o ajuste fiscal, mas que, segundo ele, resistem a pagar impostos. No início de setembro, o Congresso aprovou a lei que reonera gradualmente a folha de pagamentos de 17 setores da economia.

Diálogo com o Congresso. Haddad afirmou que, até o momento, o governo não sofreu derrotas no Congresso em pautas econômicas. Ele destacou a aprovação da taxação de offshores e da regulamentação das apostas online, medidas que, segundo ele, eram consideradas difíceis, mas que obtiveram apoio majoritário nas duas casas. "Não estamos em um processo revolucionário; temos que lidar com os eleitos e avançamos em acordos importantes com este Congresso", disse.

Gastos extras com eventos climáticos. Embora tenha afirmado que não há limite fiscal para responder a emergências climáticas, Haddad não se pronunciou quando questionado sobre a ausência de previsão no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025 para gastos adicionais com eventos como queimadas ou enchentes, a exemplo das que ocorreram no Rio Grande do Sul.

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