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Autoridades de Taiwan investigam origem do ataque dos pagers do Hezbollah que matou dezenas no Líbano

20/09/2024 12h42

A sede da empresa Gold Apollo e o escritório da consultoria húngara BAC Consulting foram revistados nesta quinta-feira (19) em Taiwan, a pedido da Procuradoria de Taipei. O objetivo foi encontrar provas, em diferentes documentos, da conexão das empresas com a explosão dos pagers e walkies-talkies do Hezbollah, nesta terça-feira (17) e quarta-feira (18). O ataque, que não foi reivindicado por Israel, deixou 37 mortos e cerca de 3 mil feridos.

Jules Bois, correspondente da RFI em Taipei

A Justiça taiwanesa também recolheu o depoimento de Hsu Ching-kuango, fundador e presidente da Gold Apollo e de outra testemunha, na noite de quinta-feira para sexta-feira. A operação foi confirmada pelo gabinete do procurador de Taipei nesta quinta-feira, que não deu maiores detalhes. "Eles cooperaram fornecendo os documentos e informações relevantes", informou o gabinete.

A Gold Apollo nega seu envolvimento no caso. O diretor da empresa afirma que autorizou a BAC Consulting a usar sua marca para distribuir seus produtos, mas nega qualquer responsabilidade no design e na fabricação dos pagers que explodiram no Líbano. "Estes não são nossos produtos", frisou o diretor da Gold Apollo a repórteres em Taipei.

Segundo ele, os pagers encontrados no Líbano são completamente diferentes de seus modelos. Ching-kuang acusa seu sócio de tê-los fabricado de "forma independente", mas os aparelhos encontrados no Líbano estavam disponíveis no site da Gold Apollo e só foram retirados após o ataque.

O diretor da empresa também afirma "não ter suspeitado de nada". Ele diz ter a lembrança do bloqueio de um pagamento da empresa BAC Consulting, emitido por um banco no Oriente Médio. Mas não se questionou sobre a origem do dinheiro. O governo húngaro afirma que a BAC era "um intermediário comercial, sem local de produção ou operacional na Hungria".

Questionado sobre os pagers usados no Líbano pelo Hezbollah, o ministro da Economia de Taiwan, Kuo Jyh-huei, disse que é possível "ter certeza se eles não foram produzidos no país". O primeiro-ministro Cho Jung-tai reafirmou na sexta-feira que "a empresa e Taiwan não exportaram pagers diretamente para o Líbano".

Em comunicado divulgado na quarta-feira, o governo húngaro afirmou que a BAC Consulting era intermediária e não possuía nenhum local de produção ou atividade em território húngaro.

O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, acusou Israel nesta quinta-feira de ter "cruzado todas as linhas vermelhas" após o ataque. De acordo com as autoridades libanesas, os pagers estavam carregados com explosivos que podiam ser detonados à distância com um código. Segundo uma fonte libanesa, as baterias dos walkie-talkies continham PETN, um explosivo muito poderoso.

Bulgária também nega que bipers vieram do país

O mistério permanece quanto à origem da entrega feita ao Líbano. As poucas pistas disponíveis direcionam as investigações para Taiwan, Bulgária, Noruega e Hungria.

A Bulgária também afirma que os dispositivos usados no Líbano não foram exportados, importados ou fabricados no país. Nesta quinta-feira (19), a imprensa local revelou que a empresa Norta Global Ltd, com sede em Sofia, estaria envolvida na venda dos pagers.

Mas agência de segurança estatal búlgara DANS afirma que a Norta e seu proprietário norueguês não negociaram, venderam ou compraram os pagers em território búlgaro.

Quanto aos walkie-talkies, eles trazem a marca japonesa ICOM e as palavras "made in Japan" gravadas, mas a ICOM declarou que interrompeu a produção dos modelos identificados nos ataques de quarta-feira há cerca de dez anos e disse que a maioria dos dispositivos à venda são falsificados.

Com informações da AFP

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