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'Deus me livre de mulher CEO', diz empresário, que volta atrás

Publicação de Gomes viralizou - Divulgação
Publicação de Gomes viralizou Imagem: Divulgação
do UOL

Do UOL, em São Paulo

19/09/2024 15h49

O fundador da Easy Taxi e presidente da G4 Educação, Tallis Gomes, afirmou que seria contra sua mulher ocupar o cargo de CEO (Chief Executive Officer, posição mais alta) em uma empresa. "Deus me livre de mulher CEO", disse em uma publicação em seu Instagram.

O que aconteceu

Gomes fez declaração no Instagram. Ele respondeu a uma pergunta de um seguidor, que perguntou se Gomes estaria noivo de uma mulher que fosse CEO de uma empresa. Além da frase que viralizou, Gomes disse que mulheres nestes cargos passam por um processo de "masculinização" e que o lar fica em "quarto plano", atrás da empresa, dos filhos e do marido.

Tallis Gomes - mulher CEO - Reprodução/ Instagram - Reprodução/ Instagram
Gomes fez comentário no Instagram
Imagem: Reprodução/ Instagram

O empresário diz que cargo envolve pressão e estresse. Para ele, é preciso de preparo psicológico e físico e que este não é o "melhor uso da energia feminina". O empresário afirma que deixar uma mulher se tornar CEO deixa a vida delas "pior".

O mundo começou a desabar exatamente quando o movimento feminista começou a obrigar a mulher a fazer papel de homem.
Tallis Gomes, empresário

Após a repercussão negativa, Gomes pediu desculpa. Ele diz que "errou feio" e que ficou chateado por ter "magoado" muitas mulheres.

Tallis Gomes - desculpa - Reprodução/ Instagram - Reprodução/ Instagram
Gomes se desculpou pelo Instagram
Imagem: Reprodução/ Instagram

Em momento algum no meu texto eu quis questionar a capacidade de uma mulher de ser CEO, disse única e exclusivamente, com as palavras errada e com tom errado, quem eu gostaria do meu lado como minha mulher.
Tallis Gomes

Gomes já esteve envolvido em outras polêmicas. Em agosto, disse em um podcast que não contrata "esquerdista" e que seus funcionários trabalham 80h por semana. A declaração deu o que falar nas redes sociais e chamou a atenção do público.

Mesmo que Gomes não tenha deixado claro qual é o tipo de contrato com a equipe, a declaração virou assunto na internet. "Ontem estava todo mundo trabalhando até 1h da manhã, e 8h da manhã [do outro dia] o escritório estava cheio", afirmou. Para ele, "se você não fizer 70 horas ou 80 horas por semana na empresa, você não vira nada na vida", disse.

Luiza Helena Trajano, presidente do Magalu, comentou sobre o caso. Ela diz que "não concorda em nada" com o posicionamento de Gomes e que criou três filhos sendo CEO do Magalu.

Criei três filhos trabalhando muito, inclusive como CEO do Magalu. Soube cuidar deles e dos idosos da família. Tenho amigas íntimas que optaram por ficar em casa para criar seus filhos mais de perto. Simplesmente escolheram outro estilo de vida, e nunca as critiquei. Tanto os meus filhos quanto os delas são felizes, comprometidos e legais. Sempre digo: não há receita para criar uma família.
Luiza Helena Trajano em post no LinkedIn

Quem é Tallis Gomes

Tallis Gomes é um empresário brasileiro. Ele fundou a G4 Educação em 2019, junto com outros empreendedores do mercado. O foco da sua companhia é "transformar a realidade brasileira através do empreendedorismo". Em quatro anos, mais de 30 mil alunos passaram pela formação que oferecem.

Nasceu no interior de Minas Gerais, em uma cidade chamada Carangola. Foi criado pela avó, por ausência da mãe e por conta da rotina corrida do pai como policial militar. Mudou para o Rio de Janeiro para fazer faculdade. Foi então que começou a investir mais em sua carreira de empreendedor.

Um dos seus projetos, o Easy Taxi, lhe rendeu títulos Forbes Under 30 e MIT Global Innovators. A empresa foi vendida em 2019 para a espanhola Cabify.

Também fundou a Singu, plataforma de serviços de beleza que foi comprada pela Natura. A transação, anunciada no final de 2020, foi polêmica, porque um dos principais sócios da Natura, Guilherme Leal, é padrasto de um então sócio de Gomes na Singu e um de seus melhores amigos, Matheus Farah. À época, o influenciador digital Raiam Santos, que agora tem dois milhões de seguidores no Instagram, disse que documentos auditados da Singu mostravam que a empresa tinha faturado só R$ 50 mil no seu melhor mês, o que não justificava o preço estimado de aquisição da startup, de R$ 65 milhões. Para ele, a compra tinha sido apenas uma maneira de salvar da falência a Singu, cuja quebra poderia manchar a reputação de gestor de empresas de Gomes.

Em suas redes sociais, o empresário dá dicas de como ter sucesso na carreira e empreender no Brasil. Ele acumula 800 mil seguidores no Instagram.

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