Fabricantes europeias de veículos pedem adiamento de novas regras de emissões de CO2 em 2025
Diversos fabricantes europeus de automóveis solicitaram oficialmente nesta quinta-feira (19) a Bruxelas "medidas de ajuda urgentes" para enfrentarem endurecimento dos padrões de emissões de CO2 a partir de 2025, que a eles consideram incapazes de respeitar. O apelo ocorre enquanto as vendas de automóveis eléctricos do bloco despencam.
A Associação dos Fabricantes Europeus de Automóveis (ACEA), da qual o grupo Stellantis não é mais membro, "fazem um apelo às instituições europeias para que proponham medidas de ajuda urgentes antes que as novas metas de CO2 para automóveis e caminhonetes entrem em vigor em 2025", disse a entidade, em uma declaração.
Graças ao aumento da oferta de carros elétricos e à melhoria dos motores térmicos, os fabricantes têm respeitado até agora a chamada norma CAFE (Corporate Average Fuel Economy), que os obriga, sob pena de pesadas multas, a não ultrapassar uma média anual de emissões por carro vendido.
Mas o declínio contínuo nas vendas de carros elétricos desde o final de 2023 complica a situação - os modelos representaram 12,6% das vendas na Europa nos últimos doze meses, em comparação com 13,6% no ano anterior.
"Estamos desempenhando o nosso papel na transição" através da eletrificação dos veículos, defendem os fabricantes, mas "nos faltam condições essenciais para estimular a produção e adoção de veículos com emissões zero: infraestruturas de carregamento e distribuição de hidrogênio e um ambiente de produção competitivo, energia verde acessível, incentivos fiscais e subsídios para a compra, e um fornecimento seguro de matérias-primas, hidrogênio e baterias".
Adiamento de regulamentos
Os fabricantes alertam que "isso gera a perspectiva assustadora de multas no valor de bilhões de euros, que poderiam ser melhor investidos na transição para a neutralidade de carbono, ou de cortes de produção desnecessários, com perda de empregos e enfraquecimento da cadeia de abastecimento e de valor europeia".
"Pedimos à Comissão Europeia para antecipar para 2025 as revisões dos regulamentos de CO2 para veículos leves e pesados, atualmente previstas para 2026 e 2027, respetivamente", exige ainda a ACEA, presidida pelo CEO da Renault, Luca de Meo.
Dissociando-se dos seus concorrentes, o número 2 europeu, grupo Stellantis (dono de marcas como Peugeot e Fiat), defendeu a entrada em vigor da nova norma à AFP no domingo (15): "Todos conhecem as regras há muito tempo. Todos tiveram tempo para se preparar e agora estamos a correr", disse o CEO Carlos Tavares.
A ACEA, numa nota informal citada pela Bloomberg e o jornal Le Monde - não confirmada mas não negada pela associação -, sugeriu em 13 de setembro que a Comissão Europeia ativasse um raro procedimento de emergência para adiar por dois anos as normas reforçadas.
Retomada em 2025?
As construtoras estimaram o montante potencial das multas em €13 bilhões, segundo este documento. Uma alternativa seria reduzir a sua produção de veículos térmicos em mais de dois milhões de unidades, "o equivalente a mais de oito fábricas", com as perdas de empregos associadas. Os fabricantes poderiam comprar créditos de emissões de fabricantes menos poluentes, mas subsidiariam, assim, os seus concorrentes não europeus.
O setor de veículos elétricos encontra-se prejudicado por vários fatores: a Alemanha, o maior mercado da Europa, eliminou os bônus oferecidos mediante a compra, os modelos básicos recém começaram a chegar no mercado e os compradores estão preocupados com a autonomia limitada e as redes de carregamento, por vezes insuficientes. Mesmo assim, de acordo com um estudo publicado terça-feira pelo think tank Transport & Environment (T&E), as vendas de motores elétricos poderão se recuperar na Europa em 2025 e atingir entre 20% e 24% das vendas de automóveis novos.
Com informações da AFP
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