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Qual a principal teoria para detonação em massa de pagers no Líbano?

Homem mostra como ficou pager após explosão no Líbano - Reprodução/Telegram
Homem mostra como ficou pager após explosão no Líbano Imagem: Reprodução/Telegram

18/09/2024 06h33

Os pagers que explodiram terça-feira (17) no Líbano foram hackeados por Israel, que conseguiu interceptá-los antes da sua entrega ao movimento xiita libanês, afirma o diário New York Times (NYT) nesta quarta-feira (18), se apoiando em várias fontes. O ataque sem precedentes deixou nove mortos e quase 2.800 feridos.

Os pagers que explodiram terça-feira (17) no Líbano foram hackeados por Israel, que conseguiu interceptá-los antes da sua entrega ao movimento xiita libanês. Esta é a principal teoria para o ataque de ontem, segundo fontes ouvidas pelo The New York Times. O ataque sem precedentes deixou nove mortos e quase 2.800 feridos.

Outra teoria surgida no calor das explosões era de que um ataque cibernético poderia ter dado um curto nos pagers, fazendo-os explodir. Uma estratégia assim também seria sem precedentes, mas havia muitas dúvidas sobre as possibilidades técnicas de realização de um movimento deste tipo.

Citando autoridades americanas e de outras nacionalidades o jornal afirma que Israel conseguiu esconder pequenos explosivos em pagers comprados pelo Hezbollah em Taiwan e, posteriormente, detonou os dispositivos à distância na terça-feira. Estas fontes, que falaram sob condição de anonimato, deram ao diário americano detalhes da operação sem precedentes, atribuída pelo movimento islâmico libanês a Israel.

Os pequenos aparelhos, do fabricante Gold Apollo de Taiwan, foram interceptados pelos serviços israelenses antes de sua chegada ao Líbano, segundo os entrevistados, cujas nacionalidades não são detalhadas. Algumas dezenas de gramas de material explosivo foram inseridas junto à bateria com um gatilho, especifica o diário.

Reagindo a esta informação, a empresa taiwanesa Gold Apollo negou na quarta-feira ter fabricado os pagers. "Eles não são nossos produtos (...) Não são nossos produtos do início ao fim", disse o diretor da empresa, Hsu Chin-kuang, a repórteres em Taipei.

A Gold Apollo garantiu que os pagers que explodiram, que têm a marca da empresa, foram produzidos e vendidos por seu parceiro húngaro BAC. "Sob um acordo de cooperação, autorizamos a BAC a utilizar a nossa marca para a venda de produtos em determinadas regiões, mas o design e a fabricação dos produtos são de exclusiva responsabilidade da BAC", afirmou a empresa num comunicado de imprensa, negando informações do NYT, de que o próprio grupo taiwanês teria fabricado os pagers.

Dispositivos "hackeados na fonte"

Às 15h30 de terça-feira no Líbano, uma mensagem que parecia vir da liderança do Hezbollah fez com que o dispositivo emitisse um sinal sonoro durante vários segundos antes de disparar o explosivo, de acordo com o diário americano, citando sempre várias fontes anônimas.

Mais de 3.000 dispositivos, principalmente do modelo AP924, foram encomendados pelo Hezbollah à empresa Gold Apollo em Taiwan, dizem as mesmas fontes. A informação do NYT apoia a teoria, adiantada terça-feira por vários especialistas, segundo a qual os serviços israelenses conseguiram se infiltrar na cadeia logística do Hezbollah para planejar este ataque.

Uma fonte próxima do movimento havia indicado anteriormente à AFP que "os sinais sonoros que explodiram dizem respeito a um carregamento de 1.000 dispositivos importados recentemente pelo Hezbollah", que pareciam, segundo ele, terem sido "hackeados na fonte".

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