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Esquerda perde por WO e não lança candidatos em 846 cidades brasileiras

Com anuência de Lula, PT deixou de ter candidato em São Paulo pela primeira vez na história - Ueslei Marcelino/Reuters
Com anuência de Lula, PT deixou de ter candidato em São Paulo pela primeira vez na história Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters
Felipe Pereira e Flávia Menani
do UOL

Do UOL, em Timbé do Sul (SC) e Turvo (SC), e colaboração para o UOL

18/09/2024 05h30

Os partidos de esquerda não lançaram candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador em 846 cidades brasileiras.

O que aconteceu

A esquerda se absteve de concorrer em 15% dos municípios do país. O levantamento do UOL junto aos dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) abrange 5.569 cidades e não inclui o Distrito Federal, onde não há prefeitura nem Câmara Municipal. Como esquerda, foram considerados os partidos PT, PDT, PSB, Rede, PSOL, PCdoB, PSTU, UP, PCB e PV.

O estado onde os partidos de esquerda menos aparecem nas urnas é o Rio Grande do Norte, sem candidatos em 38,9% das cidades. O percentual é reflexo de não haver candidatos na disputa em 65 municípios. A situação é curiosa porque nesse estado Lula (PT) derrotou Jair Bolsonaro (PL) com 65,1% dos votos no segundo turno da corrida presidencial.

O levantamento aponta para a máxima repetida por caciques partidários de que a questão local impera sobre a política nacional nas eleições municipais. A maior vitória de Lula na última disputa presidencial ocorreu no Piauí, onde recebeu 76,86% dos votos. Neste ano, a esquerda deixou de disputar cargos em 15 municípios do estado (6,7%).

A falta de opção nesse campo ocorre até mesmo na Bahia, governada pelo PT há 17 anos e onde Lula fez 3,7 milhões de votos a mais do que Bolsonaro. Foi a consequência de ter ganhado em 415 de um total de 417 cidades. Mas, neste ano, a esquerda não aparece na urna eletrônica em 17 municípios baianos (4%).

Há somente três estados em que a esquerda possui candidatos em todas as cidades: Amapá, Espírito Santo e Roraima. A análises deste cenário reforça a política local se distinguindo do que ocorre em Brasília. Lula perdeu para Bolsonaro nestes locais.

O UOL visitou duas cidades em SC para mostrar a dificuldade de a esquerda se eleger. Em Timbé do Sul e Turvo, na divisa com o Rio Grande do Sul, no extremo sul catarinense, pessoas barram candidatos do PT na campanha de porta em porta.

Direita tem mais capilaridade e dificuldades explícitas em uma única região. No campo da direita, PL, PP, Republicanos, Novo, PRTB e União Brasil não têm candidatos em 298 cidades, a maioria no Nordeste, onde não lançaram postulantes em 227 municípios. Piauí tem o pior índice da direita, com 36% das cidades sem candidatos desse campo.

Total de cidades com esquerda fora das urnas por região

  • Sudeste - 287
  • Sul - 204
  • Nordeste - 189
  • Centro-Oeste - 107
  • Norte - 59

Chance de vitória em 4 capitais

Outro sinal de enfraquecimento é a esquerda ter chance de vitória em apenas quatro capitais. Maior partido deste campo politico, o PT deixou de concorrer pela primeira vez à Prefeitura de São Paulo, onde apoia o deputado Guilherme Boulos (PSOL) com Marta Suplicy, de volta ao PT, como vice na chapa.

Ele é um dos quatro candidatos com chance de vencer. Aparece tecnicamente empatado na liderança nas pesquisas da maioria dos institutos. O problema para Boulos é estar atrás do prefeito Ricardo Nunes (MDB) nas simulações de segundo turno.

Atual prefeito do Recife, João Campos (PSB) é o único nome da esquerda que pode conquistar uma capital ainda no primeiro turno. O campo político ainda deve ir ao segundo turno em Goiânia com Adriana Accorsi (PT) e em Porto Alegre com a deputada Maria do Rosário (PT), segundo as pesquisas mais recentes.

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